| Foto: MICHAEL STRAVATO/NYT

Será que uma das mais promissoras – e problemáticas – tecnologias para combater o aquecimento global sobreviverá durante o governo de Donald Trump?

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A tecnologia da captura de carbono envolve tirar o dióxido de carbono das chaminés e processos industriais antes que o gás alterador do clima consiga chegar à atmosfera. A negação de Trump à avalanche de provas científicas a favor da mudança climática, visão compartilhada por muitos de seus indicados ao novo governo, pode parecer a condenação de quaisquer iniciativas ambientais nesse sentido.

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Mas a nova unidade Petra Nova, prestes a entrar em operação em Thompsons, Texas, aproximadamente 50 quilômetros a sudoeste de Houston, é um ponto alto para os defensores da tecnologia. Ela está sendo completada no prazo e dentro do orçamento, ao contrário de muitos projetos anteriores. Quando começar a funcionar, a instalação, ligada a uma das imensas unidades queimadoras de carvão da empresa de energia NRG, irá tirar 90% do gás carbônico das emissões produzidas pelos 240 megawatts de energia gerada. É uma migalha diante dos quase 3.700 megawatts produzidos nessa usina gigantesca, a maior do Texas. Mesmo assim, é o suficiente para capturar 1,6 milhão de toneladas de dióxido de carbono por ano – o equivalente ao gás de efeito estufa produzido ao se guiar por 5,6 milhões de quilômetros.

A Petra Nova usa a tecnologia para captura de carbono mais comum. O gás de escape, puxado por condutores serpeantes para o equipamento da Petra Nova, é exposto a uma solução de produtos químicos conhecidos como aminas, que se ligam ao dióxido de carbono. Essa solução é bombeada a um regenerador, o extrator, que aquece a amina e libera o CO2. O gás é retirado e comprimido para uso futuro, e a solução de amina é reciclada pelo sistema para absorver mais CO2.

Empreendimento conjunto da NRG e JX Nippon Oil and Gas Exploration, a Petra Nova vai capturar o CO2 e usá-lo, despachando o produto comprimido através de um gasoduto por 130 quilômetros até um campo petrolífero. O gás será injetado em poços, técnica conhecida como recuperação de petróleo, que deve aumentar a produção de 300 barris por dia para 15 mil. E como a NRG detém um quarto do projeto de recuperação de petróleo, o que sair do solo vai ajudar a pagar pela operação de captura de carbono.

A fábrica, que recebeu US$ 190 milhões do governo federal, pode ser economicamente viável se o preço do petróleo ficar na casa dos US$ 50 o barril, diz David Knox, porta-voz da NRG. Se o preço do petróleo estabilizar ou aumentar, e se os incentivos fiscais para desenvolver a tecnologia continuarem e os mercados para armazenamento de carbono se desenvolverem, as empresas de energia, em seu entender, vão se perguntar: “Por que não colocar um sistema de captura de carbono na minha usina?”.

“A tecnologia somente faz sentido em um mundo em que se busca evitar o lançamento de CO2 na atmosfera”

Mark Brownstein,vice-presidente para clima e programa de energia da ONG Environmental Defense Fund
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Só que o desenvolvimento da captura de carbono em larga escala não é simples nem fácil. Até agora, os problemas atormentaram os grandes projetos, muitas vezes custando mais do que o previsto e demorando a terminar. O governo federal cancelou projetos como o Future Gen, que recebeu mais de US$ 1 bilhão do governo Obama.

Se a Petra Nova tiver sucesso, será um estímulo para a captura de carbono. Apesar dos problemas com a técnica, seus defensores, incluindo o Painel Intergovernamental para a Mudança Climática e a Agência Internacional de Energia, chamam a tecnologia, conhecida como sequestro e captura de carbono, crucial para cumprir o padrão de emissão que pode impedir os piores efeitos da mudança climática.

O que o governo Trump fará com a captura de carbono é um enigma. “A tecnologia somente faz sentido em um mundo em que se busca evitar o lançamento de CO2 na atmosfera”, declara Mark Brownstein, vice-presidente para clima e programa de energia da ONG Environmental Defense Fund.

Mas alguns defensores da tecnologia veem motivos para ter esperança.

“Na verdade, acho que é um momento de otimismo”, afirma a senadora Heidi Heitkamp, da Carolina do Norte, que se reuniu com Trump no mês passado como possível secretária da agricultura. Ela apresentou uma lei com outro democrata, o senador Sheldon Whitehouse, de Rhode Island, para ampliar e estender as isenções fiscais para projetos de captura de carbono. “O que vi com o presidente eleito foi um foco total em empregos. Acho que ele se interessou” pela oportunidade econômica que a captura de carbono poderia oferecer para manter a geração de eletricidade com carvão dentro da composição da matriz geradora nacional, acrescentou a senadora.

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Um dos pilares da campanha de Trump foi sua intenção de reverter a sorte da indústria carvoeira por meio do apoio ao carvão limpo. E, embora o significado exato desse termo bastante usado esteja aberto a interpretações, ele geralmente inclui não apenas tecnologias que removem poluentes provocadores de fuligem e “smog”, além de dióxido de carbono.