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Energia mais cara dificulta negócios no mercado livre

Empresários preveem que cenário será ainda pior em 2015, com mais elevação no custo da energia | Christian Rizzi/ Gazeta do Povo
Empresários preveem que cenário será ainda pior em 2015, com mais elevação no custo da energia (Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo)

A disparada dos preços da energia por causa da escassez de chuvas está travando os negócios no chamado mercado livre, no qual grandes consumidores sem contratos firmes de fornecimento, ou com contratos vencendo, compram energia. Com o preço do MWh na casa de R$ 822 no mercado livre, o teto estabelecido pelo governo, muitas empresas que trabalhavam sem contratos, ou com apenas parte do consumo com fornecimento garantido, estão sendo obrigadas a reduzir sua produção, integral ou parcialmente.

"O mercado livre hoje é um mercado completamente estressado, porque se está vendendo água gelada no deserto", compara Carlos Cavalcanti, diretor de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A questão é que as empresas que compraram energia há um, dois anos, pagam hoje cerca de R$ 120 por MWh. Assim, quem tem contratos de fornecimento vencendo e vai ao mercado, encontra a seguinte situação: ou paga os R$ 822 por MWh em contratos de curtíssimo prazo, ou tenta negociar acordos por prazos mais longos, de dois a três anos, com um preço médio menor.

"Se uma empresa tiver contrato vencendo agora em junho, não tem oferta porque o mercado vive um momento de estresse total. As comercializadoras dizem que não há oferta", diz o empresário Ivan Bezerra, presidente da Fiação TBM, do Ceará. Segundo um executivo do mercado livre, quem tem energia disponível está preferindo vendê-la à vista.

A empresa que concorda em comprar energia para este ano e o próximo consegue preços na casa de R$ 220 a R$ 250 o MWh, dizem os empresários, o que representa um aumento de 80% a 100% sobre os preços que vinham pagando. "O ano que vem vai ser muito ruim, porque ainda vai ter muita térmica gerando e isso eleva os preços. Um contrato de R$ 220, R$ 250 o MWh para 2015 me parece até barato. Isso é triste para a economia brasileira", diz um executivo do setor, que não quer ser identificado.

Histórico

Os problemas enfrentados pelo setor elétrico começaram já no ano passado, antes da seca que marcou o período das chuvas do verão. A recusa de grandes geradoras, como Cesp (a estatal paulista) e Copel (do Paraná) de aderir ao programa de renovação antecipada de concessões proposto pelo governo, para reduzir as tarifas, tirou do mercado cativo (que atende a residências e pequenas empresas) cerca de 5.000 MWh. Como o governo só conseguiu vender 1.500 MWh para as distribuidoras em leilão no final de 2013, estas empresas tiveram que comprar energia no mercado livre, pressionando os preços.

Indústrias intensivas em energia com contratos de fornecimento garantidos estão economizando, ou mesmo reduzindo a jornada de trabalho, para ganhar dinheiro no mercado livre.

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