Empresários preveem que cenário será ainda pior em 2015, com mais elevação no custo da energia| Foto: Christian Rizzi/ Gazeta do Povo

16,46% foi o aumento aprovado pela Aneel na conta de luz para os 3,8 milhões de consumidores atendidos pela CPFL Paulista. No caso da Cemig, responsável por 96% do estado de Minas Gerais, o aumento médio será de 14,24%. Já a Cemat, que atende 1,2 milhão de pessoas em Mato Grosso, poderá aumentar em 11,16% a tarifa residencial. Somente no caso da Ampla, distribuidora do Rio de Janeiro, haverá desconto de 0,74% na tarifa.

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Tarifa

Aneel reduz de R$ 5,6 bi para R$ 1,6 bi o déficit estimado da CDE

Agência O Globo

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que caiu de R$ 5,6 bilhões para R$ 1,6 bilhão o valor que os consumidores brasileiros terão de pagar para cobrir o déficit estimado da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em 2014. A agência não disse, no entanto, o impacto desse repasse para a tarifa de energia.

O valor anterior, de R$ 5,6 bilhões, havia sido divulgado em fevereiro, quando a agência aprovou a discussão do orçamento de 2014 da CDE. A previsão era de um aumento de 4,6%, na média, nas tarifas do setor elétrico este ano para bancar o déficit estimado inicialmente. A proposta ficou em audiência pública durante um mês.

O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, explicou que houve uma revisão, sobretudo, da previsão de receitas da CDE. "Não houve alteração significativa no conjunto de gastos. Apenas as fontes foram alteradas", disse o diretor-geral.

A CDE banca ações do governo federal no setor elétrico. Entre os objetivos estão o custeio dos descontos nas tarifas, o subsídio de tarifas de energia dos consumidores de baixa renda e a universalização do fornecimento de energia por meio do Programa Luz para Todos. Além disso, o fundo é utilizado para compensar as distribuidoras pelo uso de energia térmica, que é mais cara que a hidrelétrica.

A disparada dos preços da energia por causa da escassez de chuvas está travando os negócios no chamado mercado livre, no qual grandes consumidores sem contratos firmes de fornecimento, ou com contratos vencendo, compram energia. Com o preço do MWh na casa de R$ 822 no mercado livre, o teto estabelecido pelo governo, muitas empresas que trabalhavam sem contratos, ou com apenas parte do consumo com fornecimento garantido, estão sendo obrigadas a reduzir sua produção, integral ou parcialmente.

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"O mercado livre hoje é um mercado completamente estressado, porque se está vendendo água gelada no deserto", compara Carlos Cavalcanti, diretor de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A questão é que as empresas que compraram energia há um, dois anos, pagam hoje cerca de R$ 120 por MWh. Assim, quem tem contratos de fornecimento vencendo e vai ao mercado, encontra a seguinte situação: ou paga os R$ 822 por MWh em contratos de curtíssimo prazo, ou tenta negociar acordos por prazos mais longos, de dois a três anos, com um preço médio menor.

"Se uma empresa tiver contrato vencendo agora em junho, não tem oferta porque o mercado vive um momento de estresse total. As comercializadoras dizem que não há oferta", diz o empresário Ivan Bezerra, presidente da Fiação TBM, do Ceará. Segundo um executivo do mercado livre, quem tem energia disponível está preferindo vendê-la à vista.

A empresa que concorda em comprar energia para este ano e o próximo consegue preços na casa de R$ 220 a R$ 250 o MWh, dizem os empresários, o que representa um aumento de 80% a 100% sobre os preços que vinham pagando. "O ano que vem vai ser muito ruim, porque ainda vai ter muita térmica gerando e isso eleva os preços. Um contrato de R$ 220, R$ 250 o MWh para 2015 me parece até barato. Isso é triste para a economia brasileira", diz um executivo do setor, que não quer ser identificado.

Histórico

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Os problemas enfrentados pelo setor elétrico começaram já no ano passado, antes da seca que marcou o período das chuvas do verão. A recusa de grandes geradoras, como Cesp (a estatal paulista) e Copel (do Paraná) de aderir ao programa de renovação antecipada de concessões proposto pelo governo, para reduzir as tarifas, tirou do mercado cativo (que atende a residências e pequenas empresas) cerca de 5.000 MWh. Como o governo só conseguiu vender 1.500 MWh para as distribuidoras em leilão no final de 2013, estas empresas tiveram que comprar energia no mercado livre, pressionando os preços.

Indústrias intensivas em energia com contratos de fornecimento garantidos estão economizando, ou mesmo reduzindo a jornada de trabalho, para ganhar dinheiro no mercado livre.