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Energia nuclear ressurge após tragédia no Japão

Reator da usina de Angra 2, no estado do Rio: “energia limpa”. | Vanderlei Almeida/Reuters
Reator da usina de Angra 2, no estado do Rio: “energia limpa”. (Foto: Vanderlei Almeida/Reuters)

Mais de quatro anos após o desastre de Fukushima, no Japão, a indústria nuclear está voltando à agenda energética de vários países, em especial os da América Latina. De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), nações como Uruguai, Chile, Bolívia, Peru e Venezuela estão considerando construir reatores nucleares. Esses países vão se juntar ao Brasil – que conta com duas usinas (Angra 1 e 2) e está construindo nova unidade, Angra 3 – e Argentina, que está desenvolvendo sua quarta unidade nuclear.

Polêmica, a energia nuclear é alvo de protestos no mundo devido ao risco de acidentes. No Japão, em março de 2011, uma tsunami seguida de terremoto causou o maior acidente nuclear na Central de Fukushima desde Chernobyl, na Ucrânia, em 1986. Cerca de 300 mil pessoas foram deslocadas e 15 mil morreram. Após o desastre, diversos países suspenderam investimentos em projetos ou mudaram regras em busca de mais segurança. Quatro anos depois, porém, diante da necessidade de garantir o suprimento de energia, muitas nações voltaram a investir na fonte. Neste mês, o Japão reativou o segundo reator nuclear, na usina de Sendai, depois de aprovar a legislação pós-Fukushima.

Projeção inédita da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) mostra que a América Latina, hoje com 4,7 gigawatt (GW) de geração nuclear, pode chegar a 2030 com 13,4 GW – alta de quase três vezes. E, diz a AIE, um reator de 1 GW pode custar de US$ 2 bilhões a US$ 11 bilhões e levar até dez anos para ficar pronto. No Brasil, o governo pretende construir quatro usinas até 2030 e mudar a forma como são construídas: em vez de recursos públicos, as obras seriam tocadas por empresas privadas.

Interesse russo

De olho nesse mercado, a disputa já começou. A estatal russa Rosatom, que assinou memorando de entendimentos com Argentina e Bolívia para cooperação na área nuclear, acabou de abrir escritório no Rio. Sergey Kirienko, presidente da Rosatom, diz que a companhia tem US$ 300 bilhões em pedidos de construção de 30 usinas em 12 países, além da Rússia. “Nos últimos anos, nosso portfólio cresceu 5,5 vezes. Temos negociações em andamento com mais cinco países.”

A americana Westinghouse, que desenvolveu o reator de Angra 1, assinou memorando com a Nuclep, empresa que produz peças nucleares no Brasil, para colaborar na construção de equipamentos. “Estamos prontos para apoiar a expansão no Brasil. A América Latina é um mercado chave”, disse Carlos Leipner, vice-presidente da empresa para a região. Ainda há a China, país que deverá ultrapassar em 2030 os EUA como maior produtor de energia nuclear. Sua estatal, a CNNC, já realiza eventos no país com as entidades do setor.

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