O Brasil tem potencial para chegar a 2050 com uma matriz energética com 66,5% de participação de fontes renováveis, como vento, sol e biomassa - presença 47% maior do que a observada hoje. A estimativa foi feita pela ONG ambiental Greenpeace, que divulgou nesta terça-feira (26) o relatório Revolução Energética. A análise considera pela primeira vez o uso de energia como um todo, para os setores elétrico, de transportes e industrial. Se for isolada a matriz elétrica, a participação de renováveis, de acordo com o estudo, pode chegar a 92%.

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Trabalhando com projeções de crescimento da economia e da população, o estudo calcula quanto deve ser a demanda de energia do País para daqui a 40 anos e a participação que cada tipo de fonte pode ter na matriz - com base no seu potencial, na sua viabilidade econômica e na forma como o mercado tem se movimentado, independentemente de ações do governo.

A ideia é não só reduzir a participação dos combustíveis fósseis mas também das hidrelétricas, que hoje respondem por 88,8% da matriz elétrica, segundo dados de 2012 da Empresa de Pesquisa Energética.

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Essa porcentagem deixa o Brasil na confortável posição de ter a produção de energia mais limpa do mundo, mas deixa aberta uma brecha para que o País recorra às termelétricas - fontes sujas, que emitem grande quantidade de gases de efeito estufa - quando há um forte período de seca que reduz o volume de água nos reservatórios. A cada ano, o País vem ligando as termelétricas por mais tempo, chegando, neste ano, por exemplo, a um custo com elas 50% superior ao previsto.

Apesar de não haver um plano nacional do governo federal para 2050, os pesquisadores consideraram as previsões oficiais para os próximos anos para elaborar um cenário de referência. E compararam com a chamada revolução energética.

Se o modelo brasileiro seguir no ritmo atual, as hidrelétricas responderiam por 54,4%; as termelétricas a gás natural por 23%, as eólicas por 7,6% e a solar não chegaria a 2%. Aproveitando melhor o potencial para as renováveis, a participação das hidrelétricas poderia cair para 39,6%; a das eólicas subir para 21,1%; a da solar para 23% e a das térmicas cair para 6,5%.

O estudo calcula que, mesmo sendo necessário um investimento inicial de R$ 690 bilhões a mais do que o governo já vinha planejando gastar com energia para atingir esse cenário, ele pode render uma economia de R$ 1,11 trilhão até 2050.