A instalação de painéis fotovoltaicos no país teve um salto durante o ano de 2022. De janeiro a outubro a energia solar cresceu 44,4%, com potência instalada avançando de 13,8 gigawatts (GW) para 20 GW, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Os números fazem a solar tomar paulatinamente mais espaço na matriz elétrica brasileira, aproximando-se da fonte eólica, que atualmente ocupa a posição de segunda maior geradora do país, com 22 GW, atrás apenas da geração hidrelétrica.
O rápido avanço da energia solar nos meses recentes foi puxado por uma contagem regressiva que se encerra em 6 janeiro de 2023. A data marca o fim do prazo para que projetos do tipo façam pedido de conexão à rede e garantam manutenção das regras atuais, que preveem isenção da tarifa de distribuição (o chamado uso do fio) até 2045. Posteriormente, haverá retirada gradual do subsídio.
Na avaliação da coordenadora da Absolar no Paraná, Liciany Ribeiro, o prazo fez com que muita gente corresse para colocar planejamentos em prática a tempo de "aproveitar o benefício de ter a isenção até 2045".
Nos últimos 120 dias, o ritmo de crescimento observado na energia solar foi de aproximadamente 1 GW de capacidade instalada a cada mês. O número é expressivo, mas ficou aquém do projetado no início do ano. Até outubro, a energia solar teve mais 6,2 GW adicionados no país, enquanto a estimativa feita pela Absolar em janeiro era de 11,9 GW adicionais até dezembro. Numa conta rápida, este último trimestre de 2022 precisaria ver a instalação de outros 5,7 GW para alcançar o número esperado.
No caminho da consolidação de novos projetos aparecem especialmente os juros altos, que encarecem o crédito e pesam nos financiamentos. Assim, a concretização de uma solar chegando ao fim do ano com quase o dobro do tamanho parece difícil neste cenário, mas Ribeiro pondera que o segundo semestre costuma concentrar mais negócios e pode reservar crescimento interessante. Outro ponto importante, segundo ela, é o horizonte a partir de 2023.
Energia solar pode desbancar hidrelétricas até 2050
Estudos feitos pela Absolar a partir de dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da agência BloombergNEF (BNEF) indicam uma mudança radical da matriz energética brasileira nas próximas décadas, com a solar se tornando a principal fonte de geração até o ano de 2050. A previsão é de que a fatia composta pela geração hídrica passe a encolher dentro da matriz, reduzindo sua presença dos 55,7% atuais para 30% naquele ano, enquanto a solar deve avançar dos atuais 9,6% para 32%.
Segundo a coordenadora Liciany Ribeiro, tal crescimento deve ter como motor a chamada geração distribuída (GD), a energia solar "feita em casa", com a instalação de painéis fotovoltaicos pelos próprios consumidores (em residências, empresas, indústrias, propriedades rurais) e que já puxa o segmento. "Pelo fato de ela ser uma energia mais disponível para todo mundo, modular, atingir todos os tipos de público, ela vai se tornar mais atraente, continuará sendo bastante interessante", completa.
Hoje apenas 30% da capacidade instalada de energia solar no Brasil se concentra na geração centralizada (as usinas), enquanto 70% está na pequena geração, ainda que a quantidade de prosumidores (os consumidores que geram sua própria energia) seja relativamente pequena se comparada ao total de unidades consumidoras de eletricidade. "Há estados em que a proporção é maior do que esta, mas no Paraná, por exemplo, a GD representa 1% das unidades consumidoras. Tem muito espaço para crescer", avalia.
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