O Brasil precisa aliar competência na área de engenharia a um enfoque técnico e menos político sobre a área de infra-estrutura, caso queira evitar novos colapsos e tragédias no setor. A avaliação é de participantes do Seminário Internacional sobre Tendências Mundiais da Engenharia Civil, que termina hoje no Expo Trade, em Pinhais (região metropolitana de Curitiba).
Realizado pelo Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e pela Associação Brasileira de Engenheiros Civis (Abenc), o evento reúne representantes de organismos nacionais e internacionais do Mercosul, Europa, Ásia e África.
"Nossa engenharia tem um potencial muito grande. Basta olhar o sucesso de grandes empreiteiras brasileiras no exterior. Mas, por problemas de ordem política e burocrática, os prometidos investimentos em infra-estrutura não deslancham", disse ontem o presidente da Abenc, Ney Azevedo, referindo-se ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) lançado há oito meses pelo governo federal.
O presidente do Colégio de Engenheiros Civis da Província de Córdoba, na Argentina, Domingo Martín Gandolfo, explicou que, embora com modelos de desenvolvimento distintos, Brasil e Argentina são muito semelhantes em planejamento da infra-estrutura: em ambos, as decisões nessa área costumam ser tomadas de acordo com conveniências políticas.
Prova disso é que os dois países atravessaram sérias crises de energia nos últimos tempos o Brasil, com o apagão em 2001, e a Argentina, nos últimos meses. "Os governos só se organizam às vésperas das eleições, para ganhar votos. Depois é que vão ver se os investimentos prometidos são viáveis", disse Martín.