Cercado por smartphones e tablets recheados de aplicativos interativos e de conectividade instantânea, o professor na sala de aula presencial precisa superar seus recursos didáticos para reter a atenção dos alunos. A tarefa, muitas vezes, é solitária e depende bastante da criatividade de quem ensina. Se, ao vivo, diante de uma plateia sujeita a dispersões, a tecnologia muitas vezes é vilã, na modalidade de educação a distância (EaD) ela se torna aliada, alistando um batalhão de profissionais e fornecedores para dar suporte à missão.
Unidade de EaD da Uninter tem equipe multidisciplinar
Chamado para atender à demanda do mercado com produção de EaD em 2011,o Grupo Uninter, de Curitiba, criou um departamento próprio para o desenvolvimento de aulas via web. O Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico (CCDD) começou com oito funcionários na produção multimídia e hoje tem 150 pessoas , entre diretores de conteúdo, técnicos de gravação, som, finalizadores, roteiristas, editores, ilustradores, designers, pedagogos, webdesenvolvedores e programadores. A produção atende a 104 cursos à distância da instituição, entre graduação e pós, e outras nove na modalidade semipresencial, num total de 150 mil alunos.
Nos quatro estúdios, são gravadas até 600 horas por mês em vídeo aulas. Antes de encarar as câmeras e as luzes, os professores passam por treinamento e têm à disposição uma equipe completa para transformar o conteúdo em um roteiro atraente. As gravações são trabalhadas pela área de multimídia, que monta as rotas de aprendizagem, agregando outros materiais, como artigos e livros digitalizados. Games e ilustrações também são produzidos pela equipe própria, em permanente contratação. “Mais três designers devem ser contratados no primeiro semestre”, conta o supervisor Mauro do Couto Costa Filho.
De acordo com a gerente do CCDD, Paula Renata Ferreira, a unidade atende aos alunos e professores do Grupo Uninter, além da produção de educação continuada para parceiros e treinamentos para funcionários da empresa. E tem novos desafios na pauta: projetos mobile estão em desenvolvimento, juntamente com os novos cursos que serão lançados em 2016.
A mesma internet que disputa atenção dos alunos com o professor é um canal de distribuição de conhecimento, responsável pelo crescimento do segmento nos últimos anos. Ao longo da década completada em 2013, a EaD superou a marca de 1 milhão de matrículas em todo o país. Em 2013, último dado disponível do Censo da Educação Superior do Ministério da Educação, 15,8% dos estudantes de nível superior eram da modalidade a distância.
A expansão de plataformas de conhecimento deu impulso ao desenvolvimento de novos produtos para atender ao mercado e se refletiu em novas vagas na área. Da velha correspondência, em que o material era enviado via Correios para o aluno cumprir o cronograma, a EaD passou a trabalhar com ferramentas sofisticadas, como vídeo-conferências e conteúdos multiplataformas e digitais, que buscam engajar o estudante e levar o conhecimento por meio de novos equipamentos.
Versões mobiles, softwares de realidade aumentada e adaptativas, em que a complexidade do conteúdo cresce ao ritmo da participação e do avanço do aluno, são algumas das tendências da EaD. “Mas a principal demanda ainda é o preparo do professor. A tecnologia não substitui possíveis deficiências em sua formação”, aponta o especialista em EaD, João Mattar, professor da Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo.
É o aprimoramento do professor aos recursos tecnológicos que vai ajudar a transformar o conhecimento em produto de interesse e consumo do aluno a distância. O trabalho é multidisciplinar e reúne profissionais de diferentes áreas, desde a infraestrutura que garante a área técnica para a transmissão e acesso até a construção e desenvolvimento de ferramentas que enriquecem as aulas on-line e mesmo as presenciais.
Mattar cita as ferramentas de simulação como exemplo de conteúdo que agrega valor à experiência de sala de aula. “Cursos como Medicina e Engenharia podem ter laboratórios virtuais que permitem o aprendizado completo do aluno. A tecnologia amplia o leque de conhecimento das disciplinas”, diz.
Internet é meio e fim para novos produtos
Contribuir para a formação de um número cada vez maior de estudantes era o sonho do engenheiro Nilson Filatieri, CEO e fundador da EaDBox, quando ele ainda dava aulas de matemática e física durante o curso de graduação. Há pelo menos dez anos o empreendedor está atento ao potencial da EaD, área em que consegue ganhar escala no treinamento e contribuir para a capacitação do trabalhador brasileiro.
Essa é a proposta da empresa que Filatieri montou em 2011 com mais dois sócios, Rafael Gaspar e Jeferson Silva.
A plataforma de treinamento on-line pode ser utilizada para educação continuada em equipes internas, dentro de pequenas e médias empresas, além de ajudar outros profissionais a vender cursos pela web e, ainda, atuar com empresas de um mesmo segmento, na multiplicação da ferramenta, em verticais de negócios. “Essa última modalidade transforma clientes em parceiros. Pequenas empresas de um determinado setor podem se organizar para ter suas universidades corporativas, compartilhando o conteúdo de treinamento”, explica.
Mais de 70 mil alunos participam de 10 mil cursos da EaDBox, que pretende encerrar 2015 com 400 empresas no portfólio. Em um pacote básico de R$ 249 por mês, que cresce conforme o volume de estudantes participantes, qualquer empresa pode ter sua escola virtual.
A plataforma trabalha com três mecanismos distintos: os fundamentos de engajamento, para atrair, manter e estimular o estudante; a criação do curso, formatada de maneira intuitiva e autoral, em que o cliente monta o curso; e os relatórios de atividades personalizados, que ajudam a traçar novas estratégias de treinamento.
Suporte
O suporte para o desenvolvimento de novos negócios está no escopo da Mirabolics, de Leo Tostes, que deve ficar pronta até o segundo semestre de 2015.
A ideia é reunir em um ambiente a mentoria e o acompanhamento necessário para dar suporte ao empreendedorismo, com enfoque em startups, em parceria com estruturas de incubação e aceleração de empresas nascentes no interior.
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