A entidade Aliança Global para Combustíveis Renováveis (GRFA, na sigla em inglês), que reúne 60% dos produtores de combustível renovável do mundo todo, incluiu o campo de Tupi, na Bacia de Santos, na lista das dez áreas de exploração em alto mar mais perigosas do mundo, divulgada nesta quinta-feira (21).
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Petrobras e aguarda retorno.
Na lista, a Aliança alega que há muitos riscos na exploração em águas ultraprofundas do Brasil porque a camada de sal supostamente age como um lodo durante a exploração, e que as empresas petroleiras têm tradicionalmente tentado evitar explorar formações como essa.
"Tupi está localizado abaixo de uma camada de sal de 6,5 mil pés de espessura. Gigantes brasileiros do petróleo querem começar a explorar a região, mas ninguém (cientistas) sabem onde eles estão se metendo", diz o comunicado da entidade.
De acordo com o porta-voz da entidade, Bliss Baker, o acidente com a petrolífera britânica BP é um "alerta" para a necessidade de se aumentar o uso de combustíveis renováveis.
Na opinião do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o acidente com a petrolífera BP, no Golfo do México, chamou a atenção para os riscos da exploração do óleo em alto mar.
"Eu acho que antes do acidente do Golfo existia quase que um consenso entre os especialistas, de que o risco de explorar petróleo no mar em termos ambientais não era tão grande assim. O acidente mostrou que os riscos existem", afirma.
Ele avalia, no entanto, que é preciso continuar a exploração de petróleo, intensificando os cuidados ambientais. "Mas não vão parar de tirar, porque o mundo precisa de petróleo. A demanda de energia aumenta a cada dia. O grande desafio é aumentar a produção com mais garantias ambientais", afirma.
Mais custos
Para o especialista, a preocupação decorrente do vazamento de óleo na plataforma da BP deve aumentar o custo da exploração em alto mar, e já está surtindo efeito sobre os preços cobrados pelas seguradoras do setor.
"Qualquer exploração de petróleo daqui pra frente vão ficar mais caras. Seguradoras estão aumentando em 80% o seguro das plataformas. Vão começar a exigir equipamentos de maior grau de segurança. O acidente do Golfo foi um marco, daqui para a frente muda tudo", disse.