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repercussão

Entidades divergem sobre alta da Selic

Enquanto a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP) comemorou a alta dos juros, afirmando que a o risco de alta da inflação não foi eliminado, as indústrias fluminenses desaprovaram a medida. O Banco Central elevou nesta quarta-feira (29) a Selic para 11,25%, após manter a taxa básica de juros estável por três reuniões consecutivas. A alta ocorre após a eleição presidencial.

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) defendeu que a alta dos juros não é solução para um quadro de "baixo crescimento, piora da inflação, erosão do quadro fiscal e aprofundamento do deficit externo".

Trabalhadores também reclamaram da medida. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) disse que a alta emperra o crescimento.

O ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências Consultoria, Gustavo Loyola, avaliou que a alta de 0,25 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) é um sinal de que o órgão busca "recuperar a credibilidade da política monetária após o embate eleitoral", numa sinalização ao mercado de uma maior rigor da política monetária. Para Loyola, outro fator determinante para o aumento da Selic foi a inflação ainda resistente e acima do teto da meta de 6,5% ao ano determinada pelo governo. "A decisão visa frear a inflação que, ao contrário do que o Bando Central esperava, mostra resistência, e tem ainda como e objetivo de recuperar a credibilidade da política monetária para recobrar as expectativas positivas após os embates", disse Loyola ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Loyola lembrou que a comunicação feita recentemente pelo o BC sinalizava que a "porta não estava totalmente fechada" para novas altas. O ex-presidente da autoridade monetária, no entanto considerou que a decisão do aumento na Selic era esperada pelo mercado para um médio prazo, entre o final deste ano e 2015. "Tinha um campo minoritário que apostava nisso (alta ainda este ano) e um número maior achava que viria mais adiante. Na Tendências tínhamos um 'call' do aumento para ano que vem", concluiu

O aumento indica que o Banco Central (BC) retomou o ciclo de alta, disse o economista-chefe do Besi Brasil, Jankiel Santos. De acordo com ele, em dezembro a Selic deve ter nova elevação porque, se o BC está mirando a inflação, 0,25 ponto não será suficiente para conter a taxa. Sobre o placar dos votos, que contou com três contrários à elevação da Selic de 11% para 11,25% ao ano, o economista entende que há no board do BC gente que discorda que a inflação estaria descontrolada.

O mercado recebeu positivamente a alta de 0,25 ponto porcentual na Selic. Para Eduardo Velho, economista-chefe da Global Invx Partners, a elevação para 11,25% ao ano surpreendeu, mas foi também uma sinalização importante e positiva para os agentes do mercado. "Achávamos que o BC ia esperar o câmbio flutuar e que subisse a taxa apenas em dezembro, não agora. É um sinal muito positivo para o início do segundo mandato", observou. Segundo Velho, é até possível que depois dessa alta de hoje as taxas futuras médias e longas, amanhã, passem por uma correção para baixo. "O governo, com isso, parece querer converter as expectativas", disse. "É um sinal de que âncora fiscal e monetária devem surpreender. O governo indica que quer restabelecer o tripé macroeconômico e a confiança."

Abaixo, mais repercussão do aumento:

FECOMERCIOSP - "Para a FecomercioSP, a decisão foi correta, pois a entidade não está plenamente convencida de que o risco do IPCA ficar acima da meta tenha sido realmente eliminado. Na análise da federação, o IPCA de 2014 deve fechar muito próximo do teto da meta (ao redor de 6,5%), porém, o mais importante é verificar se a inflação está em trajetória de queda.Também é importante ressaltar que, passado o período eleitoral, a volatilidade de mercado e os ânimos devem se acalmar, facilitando para o Banco Central conter especulações e momentos de pânico. Outro sinal é a ausência de descontrole cambial, o que tornaria mais complexo o trabalho do Banco Central no combate à alta de preços.Ao elevar a Selic em 0,25%, a autoridade econômica demonstra agir com prudência, o que a Entidade considera positivo. Além disso, o governo sinaliza que já compreendeu as preocupações dos mercados, dos investidores e dos analistas e indica que vai promover mudanças na condução econômica, conforme previa a FecomercioSP.Entre as mudanças esperadas está o aumento da rigidez com as contas públicas, fator fundamental para combater a inflação sem ser necessário elevar mais a taxa de juros. A federação considera que a coordenação harmoniosa das políticas monetária e fiscal seja a melhor solução de combate à inflação."

FIRJAN - "A economia brasileira passa por um período de baixo crescimento, piora da inflação, erosão do quadro fiscal e aprofundamento do déficit externo. Em especial, é preocupante a trajetória futura de inflação, levando em conta a necessidade de correção dos preços administrados.No momento presente, já convivemos com inflação e juros elevados, a despeito da atividade fraca. Os desequilíbrios são inúmeros e o Sistema Firjan considera que a solução não passa por mais juros.Particularmente, é condição necessária uma nova postura no campo fiscal, com retorno à transparência e diminuição dos gastos públicos de natureza corrente, permitindo um recuo efetivo da inflação. Só assim voltaremos a ter um ambiente econômico mais saudável, com crescimento sustentável, inflação dentro da meta e juros em queda."

CONTRAF-CUT - "O crescimento econômico já está baixo e os juros, altos. E agora com a elevação da Selic, emperra ainda mais o crescimento. Mais uma vez o Banco Central desperdiçou uma boa oportunidade para retomar o bom caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda. A continuidade das altas taxas de juros só serve para engordar o lucro dos bancos e inibir os investimentos das empresas na produção.

As urnas mostraram que a política econômica precisa estar voltada para o crescimento econômico, gerando emprego e distribuição de renda. O Copom precisa ouvir mais a sociedade e menos o mercado. Os bancos abocanham recursos bilionários do Estado, na medida em que são os principais detentores de títulos públicos e se beneficiam das altas taxas da Selic, dificultando investimentos que o país tanto precisa para acelerar o crescimento e combater as desigualdades sociais.Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT"

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