Entidades patronais europeias e brasileiras demonstraram nesta segunda-feira (24) seu apoio a que a União Europeia (UE) e o Brasil estreitem mais seus laços em áreas como o comércio e os investimentos, paralelamente às negociações com o Mercosul. A patronal europeia BusinessEurope, a Associação Europeia de Câmaras de Comércio e Indústria (Eurochambres) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostraram seu "compromisso" tanto com as negociações bilaterais entre Bruxelas e Brasília, como com os diálogos com o Mercosul.
No entanto, os representantes das três associações ressaltaram a importância de reforçar a colaboração entre Bruxelas e Brasília, à vista dos atrasos que estão sofrendo as conversas entre os 28 Estados da UE e o Mercosul, que estão há anos estagnadas. "O enfoque mais promissor seria a conclusão das negociações de livre-comércio entre a zona mais ampla do Mercosul e a UE", opinou o diretor-geral de BusinessEurope, Markus J.Beyrer, em comunicado conjunto. "No entanto, se não se pode progredir nas negociações UE-Mercosul, as duas partes devem considerar seriamente formas alternativas de eliminar os obstáculos e melhorar o comércio e o investimento entre a UE e o Brasil", acrescentou.
Por sua vez, o presidente de CNI, Robson Braga de Andrade, declarou que "a relação bilateral com a UE é prioritária" para a entidade, e disse que, para conseguir uma associação econômica "forte e a longo prazo", ela deve beneficiar ambas as partes e incluir o comércio, os investimentos e a cooperação sobre questões regulatórias.
Por sua vez, o presidente da Eurochambres, Richar Weber, opinou que bloco comunitário e Brasil são "um progresso rápido nas negociações sobre o comércio entre as duas partes, melhorar o clima de investimento e reduzir os trâmites burocráticos".
Além disso, apontou à necessidade de criar os incentivos "adequados" para que o comércio das pequenas e médias empresas de ambas as partes, de aumentar o investimento em seus respectivos mercados e estimular a troca tecnológica.
As três associações se reuniram hoje em Bruxelas, por ocasião da cúpula UE-Brasil realizada na capital europeia.
Nela, as duas partes acordaram realizar uma reunião técnica em 21 de março, e esperam que sirva para desbloquear definitivamente as negociações entre Europa e os países do Mercosul, que inclui ainda Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela.
A delegação brasileira buscou minimizar o peso das negociações sobre Mercosul na pauta do encontro de hoje, já que o Brasil não tem a presidência rotatória do bloco sul-americano e especula-se que Brasília e Bruxelas poderiam estar interessadas em fechar um acordo bilateral antes, para depois estendê-lo aos outros países.
Tanto a UE como o Brasil insistiram que têm total interesse em conseguir um acordo com o conjunto de países do Mercosul, sem especificar se a possibilidade de um acordo paralelo foi abordada na reunião de hoje, um extremo sobre o qual também não quiseram dar detalhes fontes comunitárias.
"A negociação do acordo de associação do Mercosul é muito importante. Continuamos comprometidos em obter um acordo ambicioso, amplo e equilibrado", sustentou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, após o encontro.