Far Cry 3, jogo multiplataforma recém-lançado, é um caldeirão de misturas. Durante os três anos de desenvolvimento, a Ubisoft colheu ideias bem sucedidas na concorrência para criar uma aventura interativa coesa que, mesmo sem trazer grandes novidades ao gênero de tiro em primeira pessoa, consegue unir ação a uma jogabilidade balançada sem afastar os jogadores com "cut scenes" imensas e desnecessárias.
Entre todas as "inspirações" desta terceira versão da franquia, a mais evidente é a história. Com uma ideia muito próxima do filme A Praia, do diretor Danny Boyle, o jogador comandará um jovem aventureiro cheio da grana que precisa salvar a vida de seus colegas abastados que foram capturados por piratas modernos em uma ilha paradisíaca. Como no longa, os inimigos usam a ilha, aqui chamada de Rook, como uma base para atacar embarcações, traficar armas, drogas e até pessoas. Jason Brody, o protagonista, também é capturado, mas consegue escapar. Seus amigos, no entanto, ficam para trás.
O início de Far Cry 3 já começa em alta adrenalina, colocando o jogador direto na ação. A primeira fase, que serve como tutorial, é quase idêntica a Hitman: Absolution. Brody precisa transpassar pelos inimigos de forma quase invisível, atirando objetos para distraí-los. A diferença entre os dois games é que um precisa invadir uma fortaleza. O outro precisa escapar de lá. A apresentação da movimentação e a forma de introduzir os elementos da jogabilidade, porém, funcionam da mesma forma.
Após a fuga, Brody é salvo por uma tribo rival dos piratas. Os nativos servirão como base do jogo. É no povoado deles que se poderá pegar missões paralelas, comprar armas e desenvolver novas habilidades. Entre estas habilidades está o sistema de caça a animais que, na melhor das hipóteses, é quase idêntico ao encontrado em Assassins Creed III. O protagonista precisa aprender a abater animais silvestres para se alimentar e coletar peles. Aliás, o sistema de inteligência artificial é um dos destaques aqui. Além de um cenário gigantesco entupido de elementos que se encontrariam numa ilha paradisíaca, há uma vasta quantidade de animais espalhados sempre prontos para atacar ou correr. O normal é tropeçar com javalis, cobras e jacarés.
Durante as mais de 20 horas de jogos, isso sem contar com a campanha cooperativa para até quatro jogadores, Brody precisará cumprir pequenas missões para acumular armas, dinheiro e experiência. Pode ser o domínio de uma torre ou até perder uns trocados em uma partida de pôquer (Red Dead Redemption?). A evolução do personagem principal é marcada com tatuagens, mesmo sistema utilizado no indie Mark of the Ninja. O texto é curto para citar todas as referências encontradas em Far Cry 3. Claro que nem tudo foi chupado da concorrência. Muitos jogos citados aqui chegaram ao mercado poucos meses antes, o que não deixaria tempo hábil para grandes mudanças no desenvolvimento. O importante é ressaltar que as funcionalidades casam bem no jogo e, muitas vezes, apresentam uma coerência maior que na concorrência.