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ENTREVISTA

Entrevista com Nathan Blanche, especialista em câmbio da Tendências Consultoria

Por que o dólar sobe com tanta voracidade?

O governo adotou uma série de medidas para impedir a valorização do real desde janeiro deste ano, com aumentos sucessivos de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e limitações sobre a exposição cambial. Com as medidas, o governo engessou o mercado e limitou apostas contra o dólar. Agora que a moeda entrou em tendência de valorização, com a piora do cenário de crise internacional, o dólar se valoriza aqui ao quadrado em relação a outras divisas. O governo semeou o vento e acabou colhendo uma tempestade.

O movimento no mercado futuro de câmbio é o que determina a valorização?

Sim. Para se ter uma ideia, de 31 de agosto até 21 de setembro ao meio-dia, houve uma inversão das apostas no mercado futuro e spot de câmbio da ordem de US$ 25 bilhões. Ou seja, US$ 25 bilhões que estavam aplicados na queda do dólar migraram para apostas na alta do dólar. Quando esse dinheiro precisou mudar de lado, no entanto, encontrou um mercado engessado. E, quando isso ocorre, existe uma tendência de pressionar para cima a taxa de câmbio. No mercado à vista (entrega imediata), ninguém vende dólares esperando ele se valorizar.

O que pode conter novos avanços do dólar daqui para a frente?

Como os investidores têm restrições para apostar contra o dólar, o BC pode ter dificuldade para vender câmbio no mercado futuro para amenizar ou controlar a crise, ou seja, impedir novas altas da moeda. O BC poderá estar num mato sem cachorro e sem instrumentos para conter a alta do dólar se de fato estivermos iniciando uma crise cambial. A solução seria, portanto, revogar as medidas que adotou e que tornaram impeditivo o mercado futuro.

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