A nota de grau de investimento da Petrobras não deverá ser modificada no curto prazo mesmo na hipótese de a empresa não realizar a operação de aumento de capital no mês de setembro, como previsto, afirmou à Reuters Regina Nunes, presidente da agência de classificação de riscos Standard & Poors para o Brasil.

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"Na opinião da Standard & Poors, não está sendo discutido ela (Petrobras) perder o grau de investimento com a situação realista que ela tem hoje", disse a principal executiva da S&P no Brasil, após participar de evento em São Paulo.

"Se não acontecer em setembro, a gente acredita que ela (a nota) mudaria? Não, senão a perspectiva não estaria estável", acrescentou ela, referindo-se ao mais recente relatório da agência sobre a estatal petroleira, de junho deste ano.

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No documento, a S&P informou que o fato de o governo brasileiro ser o controlador da empresa leva à alta probabilidade de a União fornecer eventual apoio adicional caso exista a necessidade.

"Estamos monitorando de perto as implicações da revisão do plano de negócios na estrutura de capital e na liquidez da empresa... No entanto, não antecipamos uma ação negativa no rating considerando o apoio extraordinário do governo brasileiro", escreveu a agência na ocasião.

O adiamento de julho para setembro da operação de capitalização e incertezas rondando a operação, fundamental para que a empresa cumpra seu volumoso plano de investimentos de 224 bilhões de dólares até 2014, geraram especulações de que a empresa poderia sofrer uma redução em sua classificação de risco.

No segundo trimestre, a companhia informou que o endividamento líquido subiu para 34 por cento do capital, ante 32 por cento no trimestre anterior e 28 por cento há um ano.

"Não dá pra formar a nota com base em um dado só (como a alavancagem). O Brasil virou grau de investimento com conta corrente negativa", afirmou Regina.

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INVESTIMENTOS

Na terça-feira, durante teleconferência com analistas, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, havia abordado o assunto e dito que não via uma mudança no rating mesmo que a alavancagem ultrapassasse o nível de 35 por cento, que havia sido dado como um limite teórico pela própria companhia anteriormente.

A presidente da S&P, no entanto, afirmou que se não ocorrer a capitalização no período previsto a estatal fatalmente terá que reavaliar o plano de investimentos, já que não terá recursos para implantar tudo o que pretende.

"O que vai acontecer se não houver a capitalização é que provavelmente alguns investimentos serão postergados", afirmou.

"O ponto é: o que a Petrobras postergará e pode postergar? Na verdade, ainda não começaram determinados investimentos. O dia em que ela começar, você não pode simplesmente parar no meio", acrescentou.

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A Petrobras tem informado repetidamente que segue com o plano de realizar a capitalização em setembro, apesar das dúvidas.

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