O plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para o período de 2010 a 2019 divulgado nesta terça-feira (4) aponta para investimentos de quase R$ 1 trilhão no setor energético nacional, sendo 70,6% desse total direcionado ao setor de petróleo e gás natural.
Os investimentos no segmento de energia elétrica, segundo estudo da EPE, seriam de R$ 214 bilhões e para a oferta de biocombustíveis líquidos, como etanol e biodiesel, seriam R$ 66 bilhões no mesmo período.
De acordo com o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, se tudo acontecer como o esperado, não haverá leilões de usinas de energia térmica nos próximos dez anos. "Nós não estamos planejando mais térmicas além das que já foram contratadas. Mas isso não quer dizer que não poderão ser construídas se não conseguirmos licenças ambientais para as hidrelétricas", disse.
Na percepção de Tolmasquim, as licenças ambientais para usinas hidrelétricas serão mais fáceis daqui para a frente do que no passado já que os estudos de viabilidade e os inventários que estão sendo preparados são mais completos do que os anteriores. "O ótica da área ambiental está mais pró-ativa, por isso estou otimista. Acho que o bom senso já está voltando e vamos conseguir as licenças (para hidrelétricas)."
Tolmasquim informou ainda que a expansão da energia nuclear ainda não integra o plano decenal, que conta apenas com Angra 3. A partir de 2019 é possível que seja incluído no planejamento mais quatro usinas de 1.000 megawatts cada.
Combustíveis
O Plano Decenal também prevê que o Brasil se tornará grande exportador de petróleo em 2019, com vendas de 2,2 milhões de barris por dia no mercado externo. O cenário será possível, diz a EPE, por conta do grande crescimento da produção previsto para o período, saltando de 2,2 milhões de barris por dia em 2010 para 5,1 milhões de barris por dia em 2019. O dado inclui a produção da Petrobras e de empresas privadas.
No mercado de gás também haverá crescimento da oferta (que inclui produção e importações), que passará de 100 milhões de metros cúbicos por dia para 167 milhões de metros cúbicos por dia. O aumento provocará um excedente de 55 milhões de metros cúbicos por dia em 2019, caso as térmicas não operem com a capacidade total, o que não deve ocorrer, disse Tolmasquim.
O plano ainda prevê aumento do superávit na produção de gasolina para 125 mil barris por dia em 2019 (em 2009, foram 30 mil barris por dia), e reversão do déficit na produção de diesel, que foi de 55 mil barris por dia em 2009. Em 2019, calcula a EPE, haverá superávit de 35 mil barris por dia, por conta da entrada em operação, durante a década, das novas refinarias da Petrobras. Em 2013, o Brasil deixará de ser importador de derivados, atingindo o pico de exportação de 480 mil barris por dia em 2016 e fechando a década com um volume de vendas de 230 mil barris por dia.
A EPE prevê um crescimento de 36,5% na produção de etanol no país até 2019, quando o volume produzido chegará a 64 bilhões de litros. Deste total, 52,4 bilhões de litros serão consumidos no mercado automotivo interno e 9,9 bilhões, exportados. Outros 1,7 bilhão de litros serão destinados a outros usos.
O etanol vai continuar tirando mercado da gasolina, que terá queda de 20% nas vendas até 2019. O movimento será provocado pelo aumento das vendas de carros bicombustíveis, que atingirão 77,9% da frota em 2019, quando o Brasil terá 39,71 milhões de veículos - alta de quase 60% com relação ao verificado em 2009.