O presidente do Equador, Rafael Correa, vai convocar uma reunião de ministros econômicos da América do Sul para discutir o projeto do líder venezuelano, Hugo Chávez, de criar o chamado Banco do Sul, ao qual o Brasil tem objeções.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu Correa na quarta-feira em Brasília, numa visita em que foram assinados 15 acordos para ampliar o comércio entre Equador e Brasil, os investimentos mútuos e a cooperação bilateral. Também foi discutida a proposta de criação do organismo regional de financiamento.
"Ficou combinado que o próprio Correa convidaria os ministros da Fazenda para uma reunião a fim de trabalhar melhor as coisas", disse o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia, referindo-se ao Banco do Sul.
O órgão é visto como um potencial concorrente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do qual os Estados Unidos são o maior acionista.
Depois da reunião com Lula, Correa defendeu a criação do banco, apoiando-se em bases técnicas. "Seria muito benéfico para a região porque lhe permitiria se autofinanciar, e não ter de recorrer ao financiamento extra-regional", disse o equatoriano.
Garcia, porém, ressaltou que, embora a idéia seja boa, "os projetos que apareceram até agora não têm consistência técnica". Segundo o assessor, que tem uma relação bem próxima com Chávez e outros líderes latino-americanos como o nicaraguense Daniel Ortega, a reunião ministerial que Correa convocará servirá para que o projeto do banco ganhe "consistência técnica".
O assessor especial disse que o Brasil considera "relevante" a criação da instituição, mas indicou que o Brasil é "muito mais favorável" à "criação de um sistema financeiro sul-americano".
Nesse sentido, como ponto de partida, ele propôs a extensão para toda a América do Sul de um acordo recente fechado pelo Brasil com a Argentina prevendo o uso de moedas locais no comércio bilateral, em vez do dólar.