Além da preocupação diária com os desdobramentos da crise financeira global, o mercado ainda foi abalado ontem por um escândalo financeiro cujo alcance remonta a US$ 50 bilhões. A "pirâmide financeira de Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq, atingiu, além de grandes investidores individuais, várias instituições financeiras. Gigantes do mercado têm anunciado, desde domingo, suas perdas com o esquema montado por Madoff: a do banco espanhol Santander, por exemplo, supera US$ 3 bilhões; a da japonesa Nomura é de US$ 302 milhões, a do BNP Paribas, de quase US$ 500 milhões, e o HSBC pode ter uma exposição de até US$ 1 bilhão, segundo o Financial Times.
Madoff ainda não conseguiu explicar onde foi parar o dinheiro investido por seus clientes. Acredita-se que, para remunerá-los, ele usava uma operação financeira ilegal chamada de Esquema Ponzi o dinheiro de investidores mais novos é usado para pagar os mais antigos, como numa pirâmide.
A notícia ganhou amplitude dada a fragilidade do mercado diante da crise e em meio a indicadores que não cessam em trazer números débeis, apesar dos inúmeros pacotes e medidas de ajuda divulgados no mundo todo.
Além do escândalo financeiro, indicadores econômicos ruins nos Estados Unidos contribuíram para derrubar as bolsas mundiais, arrastando também a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) na jornada de ontem. Investidores também operaram sob a expectativa do anúncio da nova taxa de juros nos EUA, previsto para hoje.
O termômetro da bolsa paulista, o Ibovespa, cedeu 2,68% no fechamento, para os 38.320 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,16 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones da Bolsa de Nova Iorque recuou 0,75%. A bolsa eletrônica Nasdaq caiu 2,1%.
O dólar comercial foi negociado a R$ 2,389 para venda, em alta de 0,97%. A taxa de risco-país marca 505 pontos, número 1,40% superior à pontuação final de ontem.
A economia americana ainda forneceu mais motivos para o pessimismo de investidores e analistas: a produção industrial teve queda de 0,6% em novembro, segundo informou ontem o Federal Reserve (banco central dos EUA). Trata-se da terceira retração deste indicador desde junho.
"À medida que a crise de crédito se espalhou pelo mundo, puxando outras economias para a recessão, a produção industrial americana passou a desacelerar com mais força. A fraqueza deve continuar ao longo dos próximos meses, comenta José Francisco Gonçalves, economista-chefe do banco Fator, em relatório sobre o indicador americano, acrescentando que o dado reforça a expectativa de que os juros básicos americanos sejam ajustados para menos.
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