A rede pública de ensino do Paraná sofreu uma redução de mais de 45 mil matrículas em 2014, no comparativo com 2013, segundo informações do Censo da Educação, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os números confirmam a tendência de queda do índice no estado e no país nos últimos anos. Estudos da Secretaria de Estado da Educação (Seed) apontam uma redução de 1,97% ao ano entre 2004 e 2014. Especialistas são unânimes em apontar a queda da natalidade como um dos fatores para esses números. Para o poder público, o desafio é entender para onde vão esses alunos, e decidir o que fazer com a estrutura ociosa no espaço escolar.
A queda na taxa de natalidade passou a ter reflexos na educação principalmente a partir dos anos 2000, conforme explica a diretora de Informações e Planejamento da Seed, Vanda Dolci. No ensino fundamental, foram menos 2,25% de alunos matriculados por ano, entre 2004 e 2014, com tendência mais forte de queda a partir de 2006. Já no ensino médio, a redução média durante a década foi de 0,07% , mas a queda começou para valer em 2010.
Matrícula motivou política de redução de turmas
Trabalho
A especialista do Núcleo de Políticas Educacionais (Nupe) da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Andrea Gouveia pondera que no ensino médio a diminuição do número de alunos pode estar relacionada à evasão para o mercado de trabalho. A taxa pode ser ainda maior do que mostra o Censo, pois muitos alunos desistem de estudar ao longo do ano, quando a escola já protocolou os dados no Inep. A professora alerta que o movimento de fuga da escola é intensificado quando há corte de turmas no período noturno.
O corte nas turmas da noite também pode explicar a diferença na queda entre os anos iniciais do fundamental (7,43% a menos na rede pública) e os finais (19,44%). Como as políticas anti-reprovação, que aliviaram o número de alunos nas séries maiores, é do final dos anos 1990, Andrea duvida que esta seja a explicação para a discrepância entre os dois níveis. Mas pode ser que este aluno do 6.º ano em diante tenha migrado para a rede particular, em um cenário de crescimento econômico. “Ainda que se tenha um cenário de diminuição, é necessário um trabalho qualitativo para entender onde estas matrículas estão caindo”, defende a professora.
Uma das saídas seria fortalecer o investimento no ensino integral. A própria Seed diz ter mapeado 80 escolas com infraestrutura adequada para expandir a modalidade que cresce ano a ano no estado, mas ainda de forma tímida no comparativo com a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de 25% dos alunos até 2020. Em 2014, o estado chegou a 8,4% de vagas integrais no ensino básico.