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crise

Espanha e Grécia têm dia de corrida aos bancos

Painel mostra queda nas ações do Bankia, recém-estatizado | Paul Hanna/Reuters
Painel mostra queda nas ações do Bankia, recém-estatizado (Foto: Paul Hanna/Reuters)

Dois países europeus sofreram ontem com uma onda de desconfiança sobre o sistema financeiro. Na Espanha, o dia começou com a informação de que clientes do Bankia, banco estatizado há uma semana, já havia sacado 1 bilhão de euros por temor de que a instituição quebrasse. À noite, a agência de classificação de risco Moody’s decidiu rebaixar as notas para o crédito de 16 instituições locais, incluindo Santander, BBVA e Caixabank, que estão entre os maiores do país. Na Grécia, estima-se que os resgates feitos esta semana somam 1,5 bilhão de euros. Teme-se que parte do dinheiro esteja sendo enviada para fora do país, como precaução para o caso de a Grécia abandonar o uso do euro.

O presidente do Banco Central da Grécia, George Provopulos, disse que ainda não detectou um cenário de emergência, mas teme que o medo acabe evoluindo para o pânico. "A solidez dos bancos é muito pequena neste momento", afirmou. Além de toda confusão interna, o Banco Central Europeu anunciou que não fará mais empréstimos para quatro instituições gregas, justamente pela falta de capitalização dos bancos. Assim, as instituições só poderão recorrer ao Banco Central da Grécia para lidar com suas operações rotineiras, em um procedimento chamado de "auxílio emergencial de liquidez".

A quebra de instituições bancárias em uma situação de crise como essa tem efeito multiplicador sobre a economia local. Além de deixar desamparados investidores e correntistas, eventos desse tipo fazem com que a população passe a desconfiar de outros bancos, o que leva a um cenário de contágio. A situação também é negativa para o governo, que precisa de instituições saudáveis para comprar títulos públicos e rolar sua dívida.

Na Espanha, a Bolsa de Madri caiu 1,11%, e as ações do Bankia, terceiro maior banco do país, despencaram 14%. O governo teve que subir para 4,4% juros pagos por títulos a três anos em leilão realizado pelo Tesouro na manhã de ontem. Em comparação, em abril, os mesmos títulos foram negociados a 2,9%. Cresceram também os boatos de que o país poderá adotar algo parecido com o "corralito" – congelamento parcial de depósitos bancários usado pela Argentina na crise de 2001. O governo negou essa possibilidade. "Não podemos comparar Espanha com Grécia e Portugal, mas ninguém pode aguentar tanto ataque especulativo", disse à reportagem o professor de Finanças do Instituto de Economia da Universidade de Navarra, Jorge Soley.

Brasil

Por aqui, dados mais fracos de recuperação nos EUA determinaram mais um dia de queda nas bolsas de valores e de valorização do dólar. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, teve perda acelerada no fim do pregão e fechou em baixa de 3,31%, aos 54.038 pontos. Foi a oitava queda consecutiva do índice, que teve o menor nível desde 20 de outubro de 2011. O dólar comercial fechou em alta de 0,19%, a R$ 2,004 na compra e R$ 2,006 na venda. Na semana, a moeda acumulou alta de 2,56%; no ano, 7,3%.

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