Os mercados aumentaram nesta quinta-feira (17) a pressão sobre a Espanha, impondo uma taxa recorde para seu financiamento, três dias antes das eleições legislativas, que devem levar ao poder a direita, cujo líder, Mariano Rajoy, tenta acalmar a situação com promessas de austeridade.
A 6,975%, a taxa concedida pelo Tesouro espanhol para emitir 3,563 bilhões de euros em dez anos é, não só muito perto do nível de 7%, considerado perigoso pelos analistas, mas também um recorde desde a criação da Eurozona, de acordo com a DowJones Newswires.
No último leilão do dia 20 de outubro, a taxa foi de 5,433%.
A demanda da dívida espanhola superou nesta quinta-feira os 5,5 bilhões de euros, mas antes das taxas elevadas, o Tesouro emitiu apenas um número abaixo do previsto, entre 3 e 4 bilhões de euros.
Este aumento do custo da dívida era esperado, dado que a Espanha viveu por alguns dias um novo episódio de estresse do mercado, causado pelo contágio da Grécia e da Itália.
Sinal da desconfiança dos investidores, a taxa de risco alcançou nesta quinta-feira um novo recorde de 499,60 pontos.
Enquanto isso, as obrigações espanholas para 10 anos no mercado foram alteradas para uma taxa de 6,749%, a mais alta desde a criação da Eurozona.
Com isso, na Bolsa de Madri, o IBEX 35 fechou em queda de 0,40%, aos 8.270,6 pontos.
"A Espanha está ultrapassando a área limite para o resgate", escreveu em sua edição online o jornal El Pais, referindo-se aos 500 pontos da taxa de risco e os 7% de taxa de juros para dez anos, "limites dentro dos quais procederam ao resgate de outros países".
A culpa pode ser da falta de apoio do Banco Central Europeu (BCE). "Normalmente, quando há uma moeda, existe um governo que apóia por trás", disse Edward Hugh, um economista independente em Barcelona.
"Será que o BCE continuará comprando (obrigações espanholas e italianas) ou aplicará uma fórmula diferente? Quanto a isso, existe um completo silêncio", ressaltou.
Para o analista Alberto Roldán, o período eleitoral vivido pela Espanha atualmente não é imune a estas pressões. "Na Grécia e na Itália, houve uma imposição que foi a mudança de governo, agora o risco se dirige para outro país frágil", explicou.
"A Espanha não pode fornecer qualquer medida", porque o governo está amarrado e o próximo "não será capaz de agir antes de janeiro", afirmou.
"No caso dos mercados perceberem que o governo não vai agir com a força necessária, encarecerão ainda mais o 'spread' da dívida espanhola e forçarão o novo governo a levar mais a sério quaisquer ajustes", disse Daniel Pingarrón da corretora IG Markets.
O principal interessado, o líder conservador Mariano Rajoy, provável vencedor das eleições, não esperou até domingo para pronunciar palavras tranquilizantes.
"Nós temos que cortar tudo", com exceção das pensões, a fim de atender a redução do déficit público, prometeu em uma entrevista publicada nesta quinta-feira no El País.
"O plano de estabilidade apresentado em Bruxelas estabeleceu um compromisso de ter um déficit de 4,4% (do PIB em 2012). Minha vontade é de realizar isso. Todo mundo tem que saber que será prioridade para meu governo atender os compromissos que a Espanha assumiu em Bruxelas", disse o líder da oposição conservadora.
"Temos de suprimir muitos organismos autônomos, teremos que fazer muitas coisas e teremos que cortar onde pudermos", disse ele, sem especificar números.
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