A economia espanhola se retraiu no primeiro trimestre de 2012 e voltou a mergulhar o país na recessão, informou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). Com a construção em ponto morto (devido em grande parte à rigorosa política de austeridade imposta pelo governo conservador, decidido a reduzir o déficit) a economia encolheu 0,3% no primeiro trimestre o mesmo porcentual do último trimestre de 2011.
Dois trimestres consecutivos de contração econômica representam a definição técnica de recessão. O instituto disse que, com relação ao primeiro trimestre de 2011, a economia encolheu 0,4%, conforme adiantou o Banco de Espanha na semana passada. A recessão complica o desejo do governo local de recuperar a confiança dos mercados, cada vez mais inseguros com relação ao país, principalmente com seu setor bancário, fragilizado desde o estouro da bolha imobiliária, entre o final de 2007 e início de 2008.
Sem o motor da construção, o país oscila desde 2008 entre a recessão e um crescimento fraco, com uma taxa de desemprego recorde de 24,44% e um clima de mal-estar social. O governo prevê que o país sairá desta recessão em 2013, com uma alta de 0,2% do PIB, após uma queda de 1,7% este ano.
Muitos economistas não compartilham da mesma opinião: a Fundação de Caixa de Poupança (Funcas) espera queda de 1,5% em 2013, o Commerzbank prevê recuo de 0,3% e o Natixis projeta queda de 0,5%, assim como a Standard and Poors. "A freagem gerada pelo setor imobiliário e a amplitude do ajuste orçamentário prevista pela Espanha mais de 4% do PIB neste ano significa que esta recessão, provavelmente, se agravará nos próximos meses, o que levará o desemprego a níveis mais dramáticos", considerou Martin van Vliet, analista da ING.
Bancos
A informação sobre a segunda recessão da economia espanhola em três anos foi divulgada poucos dias após o rating de crédito do país ser rebaixado em dois pontos pela Standard & Poors, de A para BBB +, indicando agravamento do déficit orçamentário. "Esse dado é ruim no que diz respeito ao consumo e aos bens de capital, já que voltaram a retroceder, como apontam o Banco de Espanha e todos os indicadores" disse Stephanie Ponte, economista-chefe do Consors Cortal. "Nesse contexto, é muito favorável, especialmente para países como a Espanha, a atitude do governo alemão em falar sobre uma agenda de crescimento."
Também ontem, a agência de classificação de risco Standard & Poors rebaixou o rating de 16 bancos espanhois, entre eles o BBVA e o Santander. O Santander e o Banesto tiveram o rating passando de A+ para A-. O BBVA que estava em caiu um degrau de A para BBB+. "O rebaixamento da qualificação soberana tem implicações diretamente negativas sobre as qualificações para os bancos", assinala a agência, em comunicado.