A maior fabricante de medicamentos genéricos do Brasil nasceu de um pequeno laboratório em Toledo, Oeste do Paraná, em 1993. Com uma produção de 11 bilhões de doses por ano, a Prati-Donaduzzi detém hoje 28% de participação de mercado, mantém um dos principais parques tecnológicos de pesquisa do setor no país, fatura R$ 500 milhões e cresce a taxas de 25% ao ano.
O tamanho da empresa o grupo emprega 4 mil pessoas pouco lembra o início tímido, quando o casal de farmacêuticos Carmen e Luiz Donaduzzi montaram um pequeno laboratório, depois de voltarem de um mestrado e um doutorado na França. Na época, eram apenas dez funcionários e até as embalagens dos remédios eram produzidas pelo casal. Hoje a empresa tem um galpão com mais de 11 metros de altura somente de embalagens, que são operadas por máquinas empilhadeiras de última geração para dar conta do forte ritmo de produção.
São 24 horas de fabricação ininterrupta, em três turnos, de medicamentos líquidos e sólidos. Da fábrica em Toledo saem 8 bilhões de doses somente de genéricos e similares, entre xaropes, pomadas, comprimidos e cápsulas. Dentro de um ano e meio, a capacidade produção deve ser aumentada em 6 bilhões de doses, quando ficar pronta uma nova fábrica, ao lado da atual. O projeto, que está recebendo um investimento de R$ 100 milhões, deve gerar mais 500 empregos, segundo o vice-presidente da companhia, Eder Fernando Maffissoni.
A grande virada da empresa veio em 1999, com a lei dos genéricos. "Foi ali que os dois empreendedores viram uma oportunidade para fazer a empresa crescer", conta o executivo. Hoje a companhia é a maior fornecedora de medicamentos para o governo, mas quer cada vez mais apostar no varejo. A empresa está presente em 41 mil pontos de venda.
O objetivo é crescer 25% ao ano pelo menos até 2020. Para isso, a empresa vem investindo em tecnologia, inovação e diversificação do portfólio de produtos. A ideia é partir para a produção de medicamentos de maior valor agregado, como medicamentos biotecnológicos e oncológicos.
Pelo menos 28% da geração de caixa da companhia é investida em pesquisa e desenvolvimento de produtos. Parte desses recursos vai para a aquisição de cromatógrafos e equipamentos para testes in vitro de última geração, por exemplo. A empresa tem 160 produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) o quarto maior portfólio de produtos do setor. Outros 63 estão aguardando aprovação.
Mão de obra é 70% feminina
A ideia de contratar principalmente mulheres para o laboratório veio do fundador do grupo, Luiz Donaduzzi, que achava que a mão de obra feminina era mais detalhista e portanto mais adequada ao setor farmacêutico. Hoje 70% dos cerca de 4 mil empregados do grupo são mulheres.A Prati-Donaduzzi é a segunda maior empregadora de Toledo, atrás apenas da BRF. Mas, se antes não era tão difícil encontrar pessoal para trabalhar na empresa, hoje esse é um dos principais desafios do crescimento do grupo, segundo o vice-presidente, Eder Maffissoni.O Paraná não tem um polo de produção do setor além Prati, há apenas o laboratório da Sandoz, em Cambé , o que faz com que a empresa tenha de investir em treinamento e na captação de executivos em outro mercados. Tanto que há dois anos a área de treinamento foi transformada em Universidade Corporativa. Por mês são ministradas 37 mil horas de treinamento. Cerca de 50% dos funcionários que ocupam funções gerenciais foram formados dentro do grupo.
Empresa faz quase tudo "dentro de casa"
A receita da Prati-Donaduzi é "fazer tudo dentro de casa", com um modelo altamente verticalizado, que abrange desde a produção das próprias embalagens até a distribuição. O que poderia ser um suicídio para muitas empresas atuar em várias frentes que não são o principal foco de atuação tem sido um bom negócio, segundo o vice-presidente, Eder Maffissoni. "O objetivo é ter controle de qualidade", diz.
O grupo montou até uma transportadora, com 45 veículos, para distribuir os medicamentos em todo o país com agilidade. A empresa produz quase todas as suas embalagens só não faz os frascos de vidro e bisnagas de alumínio e também vende para terceiros, como indústrias de alimentos. Os testes de medicamentos em humanos também são feitos pela própria companhia, por meio da subsidiária Biocinese.
Em um mercado bilionário e altamente competitivo, com forte presença de multinacionais, a empresa declinou propostas de aquisição feitas por outros laboratórios e descarta a possibilidade de abrir capital nos próximos anos. Um plano de profissionalização, no entanto, já está em andamento e começou com a contratação de Maffissoni. Luiz Donaduzzi, que hoje preside a empresa e o conselho de administração, pretende ficar, com os demais sócios, apenas no conselho.