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Do ócio ao negócio

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Cena de peça do festival deste ano: na primeira edição, foram 14 peças; em 2013, 430 |

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Cena de peça do festival deste ano: na primeira edição, foram 14 peças; em 2013, 430

Knopfholz: começo foi com dinheiro emprestado pelo pai |

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Knopfholz: começo foi com dinheiro emprestado pelo pai

Foi em 1991, a partir de momentos ociosos em uma greve de professores da UFPR, que o então estudante de Administração Leandro Knopfholz fez nascer a semente do maior festival de artes cênicas do país. De lá para cá, ele é o principal nome nos bastidores do Festival de Teatro de Curitiba, mostra anual que em março de 2014 chega à 23.ª edição.

O evento não surgiu grandioso. Em março de 1992, 14 montagens apenas foram exibidas, em comparação aos 430 espetáculos que ocuparam palcos, ruas e cenários alternativos da cidade neste ano. Ainda assim, a intenção de mexer com a cidade é parte de seu DNA. Desde o início, o Festival de Teatro de Curitiba tem como proposta inovar nos formatos, gerar intervenções urbanas, movimentar a cultura local como um todo e acender polêmicas – como não poderia deixar de ser, quando o assunto é arte e os meios de financiamento para a produção cultural brasileira.

O primeiro Festival custou US$ 380 mil, relembra o produtor. E a primeiríssima verba do evento saiu de uma conta bancária de pessoa física. "Meu pai emprestou US$ 5 mil", conta Knopfholz. Com esse dinheiro no bolso, ele e um grupo de amigos foram à luta.

Além da ideia

A primeira grande companhia a recebê-los foi O Boticário – o fundador da empresa, Miguel Krigsner, tem apreço pessoal por artes cênicas. "Batemos na porta dele. Funcionou, mas o acordo foi o seguinte: o Boticário entraria com US$ 50 mil se a gente conseguisse viabilizar o festival que, até então, era apenas uma ideia", recorda. "Na verdade, a gente não sabia bem como fazer".

Em seguida, entrou na história uma figura que Knopfholz considera um dos grandes mentores e incentivadores do projeto, o publicitário Sérgio Reis, que então comandava o marketing do Bamerindus. Além de obter verba do banco para patrocínio do Festival, Reis deu muitas lições para os empreendedores novatos.

Com o esforço da equipe, os ensinamentos de Reis e o patrocínio do Bamerindus e do Boticário, a primeira edição do evento alcançou números impressionantes para o que começou como trabalho eventual na folga da faculdade: foram 25 mil ingressos vendidos e cinco salas de teatro ocupadas – incluindo a inauguração da Ópera de Arame, com um espetáculo de Shakespeare, encenado pelo Grupo Ornitorrinco, de São Paulo.

Convites eram feitos ao vivo ou por telefone

Não havia internet. Fax era novidade. Redes sociais e mensagens de texto por celular eram assunto de ficção científica, assim como outros recursos de comunicação instantânea. Em 1991, organizar um evento em Curitiba, para juntar diferentes grupos de teatro em uma mostra com vários espetáculos, era uma tarefa complicada. Ainda mais para um grupo de estudantes universitários sem contatos no mundo cultural do eixo Rio-São Paulo.

"A gente não conhecia ninguém. Telefonava pra fulano, perguntava, ligava pra outro, e assim até chegar no artista, diretor ou produtor da peça", recorda Knopfholz. "Quantas vezes ligamos para a casa de gente famosa! Atores, atrizes, diretores. Muitas vezes eles mesmos atendiam, às vezes um parente anotava o recado. Coisa que, hoje, nem pensar. E dá-lhe pegar avião, carro ou ônibus e viajar para conversar com as pessoas".

Do bolso

O grupo de jovens que transformaria Curitiba no "maior palco do teatro brasileiro" trabalhava com recursos próprios. "Naquele primeiro ano, a gente bancou muita coisa do próprio bolso, entre viagens, telefonemas, combustível e alimentação", diz o produtor. Aos poucos, com o aprendizado prático e orientações do publicitário Sérgio Reis, o grupo aprendeu a gerenciar finanças e administrar os recursos dos primeiros patrocinadores. Encerrada a primeira edição, surgiu a pergunta: e a próxima?

"A gente nem tinha pensado em um evento anual. Fizemos o primeiro achando que seria o único", lembra Knopfholz. "Ficou claro que o grande ativo do Festival de Teatro são as pessoas".

Iniciativas

Em 23 anos, o Festival cresceu e inovou. Instalar bilheteria centralizada, colocar espetáculos em cartaz às segundas e terças-feiras e criar mostras como o Risorama foram algumas novidades que o evento trouxe. Ano após ano, a cidade entendeu que o evento impulsiona a economia e a criatividade, trazendo visitantes de todo o país que movimentam hoteis, restaurantes, bares e comércio, além de gerar outras iniciativas culturais.

Mudaram o tamanho, a importância e o volume de dinheiro necessário para colocar toda a estrutura em pé a cada ano, mas na essência o Festival de Teatro tem o mesmo DNA. "Nosso foco é no público. O objetivo é levar gente para o teatro e agitar a cidade. Essa é a pegada", diz Knopfholz.

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