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cafés especiais

Ouro verde no Norte Pioneiro

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Ademir Baggio, produtor de Ribeirão Claro. Aos 63 anos, ele encarou o desafio de produzir grãos especiais |

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Ademir Baggio, produtor de Ribeirão Claro. Aos 63 anos, ele encarou o desafio de produzir grãos especiais

Ademir herdou a propriedade que foi do pai e do avô, também cafeicultores. Mesmo aposentado, ele não pensa em parar com a produção de café |

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Ademir herdou a propriedade que foi do pai e do avô, também cafeicultores. Mesmo aposentado, ele não pensa em parar com a produção de café

Até 2009, Ademir plantava café convencional. Agora, ele toca a lavoura de dois hectares de cafés especiais junto com a esposa, Joana Baggio |

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Até 2009, Ademir plantava café convencional. Agora, ele toca a lavoura de dois hectares de cafés especiais junto com a esposa, Joana Baggio

Joana se reveza entre as atividades da casa e a secagem do café no terreiro. Ao fim do dia, o café é recolhido para que não umedeça com o sereno |

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Joana se reveza entre as atividades da casa e a secagem do café no terreiro. Ao fim do dia, o café é recolhido para que não umedeça com o sereno

Funcionário contratado por Ademir para ajudar na colheita, abana o café recolhido na lavoura para separar os grãos das impurezas |

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Funcionário contratado por Ademir para ajudar na colheita, abana o café recolhido na lavoura para separar os grãos das impurezas

Depois da limpeza, feita ainda na lavoura, os grãos vão para o terreiro para secar. É preciso mexer os grãos constantemente, posicionando-os na direção do sol |

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Depois da limpeza, feita ainda na lavoura, os grãos vão para o terreiro para secar. É preciso mexer os grãos constantemente, posicionando-os na direção do sol

Ademir mostra que ainda tem energia para abanar café, mesmo após ter sofrido um infarto.

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Ademir mostra que ainda tem energia para abanar café, mesmo após ter sofrido um infarto.

Há dois anos, Ademir sofreu um infarto e foi hospitalizado, mas confessa que contava as horas para voltar à lavoura de cafés especiais |

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Há dois anos, Ademir sofreu um infarto e foi hospitalizado, mas confessa que contava as horas para voltar à lavoura de cafés especiais

Depois de torrar e moer os grãos especiais em casa mesmo, Joana passa um café produzido na propriedade |

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Depois de torrar e moer os grãos especiais em casa mesmo, Joana passa um café produzido na propriedade

Propriedade do casal Ademir e Joana Baggio, o Sítio Santa Clara fica a quatro quilômetros do centro de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro |

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Propriedade do casal Ademir e Joana Baggio, o Sítio Santa Clara fica a quatro quilômetros do centro de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro

Cleomilson Serafim, 27 anos, e o pai, Augusto Serafim, 62 anos. Entraram para o Projeto dos Cafés Especiais em 2010 |

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Cleomilson Serafim, 27 anos, e o pai, Augusto Serafim, 62 anos. Entraram para o Projeto dos Cafés Especiais em 2010

Augusto Serafim, na lavoura de café da família.

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Augusto Serafim, na lavoura de café da família.

Cafezal da família Serafim, no município de Ribeirão Claro. Eles trabalham com cinco variedades: Catuaí Amarelo, Obatã, PR-99, Ouro Verde e Mundo Novo |

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Cafezal da família Serafim, no município de Ribeirão Claro. Eles trabalham com cinco variedades: Catuaí Amarelo, Obatã, PR-99, Ouro Verde e Mundo Novo

Em parte das lavouras de cafés especiais do Norte Pioneiro, a colheita é feita com a ajuda de uma máquina chamada derriçadora |

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Em parte das lavouras de cafés especiais do Norte Pioneiro, a colheita é feita com a ajuda de uma máquina chamada derriçadora

Pelo método da derriça, os grãos caem sobre lonas e depois são recolhidos e encaminhados para a limpeza, onde é feita a separação das folhas e impurezas |

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Pelo método da derriça, os grãos caem sobre lonas e depois são recolhidos e encaminhados para a limpeza, onde é feita a separação das folhas e impurezas

Esposa de cafeicultor Augusto Serafim, Oronesta ajuda a mexer o café no terreiro |

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Esposa de cafeicultor Augusto Serafim, Oronesta ajuda a mexer o café no terreiro

Depois que o café sai do terreiro, ainda vai para uma máquina para que o processo de secagem seja concluído. O calor gerado pelo fogo ajuda a secar os grãos |

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Depois que o café sai do terreiro, ainda vai para uma máquina para que o processo de secagem seja concluído. O calor gerado pelo fogo ajuda a secar os grãos

Cafés dentro da máquina de secagem. Família Serafim investiu mais de R$ 100 mil na compra de equipamentos para profissionalizar a produção de cafés especiais |

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Cafés dentro da máquina de secagem. Família Serafim investiu mais de R$ 100 mil na compra de equipamentos para profissionalizar a produção de cafés especiais

Cafés produzidos pela família Serafim já foram exportados para os Estados Unidos e para a Suíça |

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Cafés produzidos pela família Serafim já foram exportados para os Estados Unidos e para a Suíça

Cleomilson Serafim fez um curso de degustação de cafés especiais no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Hoje ele sabe identificar os atributos dos cafés que produz |

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Cleomilson Serafim fez um curso de degustação de cafés especiais no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Hoje ele sabe identificar os atributos dos cafés que produz

Produtor de Carlópolis, Cláudio dos Santos, 55, adequou a propriedade e investiu R$ 20 mil para produzir cafés especiais.

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Produtor de Carlópolis, Cláudio dos Santos, 55, adequou a propriedade e investiu R$ 20 mil para produzir cafés especiais.

Café esparramado no terreiro da propriedade do produtor Cláudio Santos. À noite, os grãos são cobertos para não absorver umidade. Mesmo os grãos descascados voltam para o terreiro para secar |

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Café esparramado no terreiro da propriedade do produtor Cláudio Santos. À noite, os grãos são cobertos para não absorver umidade. Mesmo os grãos descascados voltam para o terreiro para secar

Donizete de Lima, produtor de Carlópolis. Com a ajuda dos filhos Tiago e Alberto, ele cultiva cinco hectares de cafés especiais. A expectativa é atingir 250 sacas beneficiadas neste ano, sendo 30% com padrão Fairtrade para exportação |

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Donizete de Lima, produtor de Carlópolis. Com a ajuda dos filhos Tiago e Alberto, ele cultiva cinco hectares de cafés especiais. A expectativa é atingir 250 sacas beneficiadas neste ano, sendo 30% com padrão Fairtrade para exportação

Donizete despeja o café colhido em uma máquina que faz a limpeza e separação dos grãos verdes e vermelhos dos pretos. A família investiu mais de R$ 20 mil na compra de máquinas para limpeza, separação e secagem do café |

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Donizete despeja o café colhido em uma máquina que faz a limpeza e separação dos grãos verdes e vermelhos dos pretos. A família investiu mais de R$ 20 mil na compra de máquinas para limpeza, separação e secagem do café

Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, cafeicultor e presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) |

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Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, cafeicultor e presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp)

Cafezal da Fazenda Califórnia, em Jacarezinho. Em 2006, Luiz Roberto montou um plano de reestruturação produtiva da fazenda e incluiu o cultivo de cafés especiais |

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Cafezal da Fazenda Califórnia, em Jacarezinho. Em 2006, Luiz Roberto montou um plano de reestruturação produtiva da fazenda e incluiu o cultivo de cafés especiais

Funcionário faz a colheita mecanizada do café na Fazenda Califórnia, onde o cultivo de grãos especiais soma 240 hectares |

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Funcionário faz a colheita mecanizada do café na Fazenda Califórnia, onde o cultivo de grãos especiais soma 240 hectares

A máquina

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A máquina

Na fileira ao lado, um trator vai armazenando os grãos colhidos pela máquina |

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Na fileira ao lado, um trator vai armazenando os grãos colhidos pela máquina

Depois da colheita, os grãos são lavados e descascados. No mercado internacional, a maior demanda é pelos grãos cereja descascados |

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Depois da colheita, os grãos são lavados e descascados. No mercado internacional, a maior demanda é pelos grãos cereja descascados

Os grãos descascados seguem para o terreiro para secar ao sol e precisam ser mexidos constantemente para que a secagem seja uniforme |

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Os grãos descascados seguem para o terreiro para secar ao sol e precisam ser mexidos constantemente para que a secagem seja uniforme

Cafés especiais da Lavrinha, distrito do município de Pinhalão |

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Cafés especiais da Lavrinha, distrito do município de Pinhalão

Sebastião Vieira Sobrinho, o

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Sebastião Vieira Sobrinho, o

Aos 16 anos, Augusto Cesar Bacon Vieira, filho de Tião, ajuda a secar o café no terreiro, ao lado da casa da família |

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Aos 16 anos, Augusto Cesar Bacon Vieira, filho de Tião, ajuda a secar o café no terreiro, ao lado da casa da família

Cafés especiais das variedades Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo produzidos na Lavrinha. Tião explica que os cafés da região tem sabor frutado e são naturalmente doces |

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Cafés especiais das variedades Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo produzidos na Lavrinha. Tião explica que os cafés da região tem sabor frutado e são naturalmente doces

Graças a um projeto criado em 2006 por produtores locais em parceria com o Sebrae-PR, a primeira Indicação Geográfica de Procedência do Paraná tem aroma e sabor de café especial produzido no Norte Pioneiro do estado. A região recebeu, no ano passado, o reconhecimento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e se juntou ao Cerrado Mineiro e a Serra da Mantiqueira, ambas em Minas Gerais - as únicas três regiões do país com o registro oficial na produção de grãos especiais.

A conquista beneficiou 7,5 mil cafeicultores de 45 municípios do Norte Pioneiro do Paraná e colocou a região definitivamente em um mercado que cresce entre 10% e 15% ao ano, segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), na sigla em inglês – enquanto o segmento de cafés tradicionais cresce apenas 3% ao ano.

Do total, 85% são pequenos produtores familiares como o casal Ademir e Joana Baggio de Ribeirão Claro. Aos 63 anos, eles representam uma nova geração de cafeicultores que aceitou o desafio de produzir cafés especiais depois de uma vida dedicada ao cultivo do café commodity. Baggio foi um dos primeiros a entrar para o Projeto de Cafés Especiais, em 2009. Da lavoura de dois hectares, herdada do pai, já saíram grãos exportados para os Estados Unidos, Japão e Peru.

"Por enquanto, cada produtor busca atingir 30% de sua produção com grãos especiais", diz José Rezende da Silva, superintendente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp). Somada, a produção de cafés especiais chega a 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano, mas representa apenas 1% de todo o café produzido no estado.

As propriedades que participam do projeto são certificadas Fairtrade – comércio justo, em inglês –, selo que garante um preço entre 30% e 40% acima do mercado de café convencional para a produção baseada em boas práticas ambientais e sociais. Pelas regras do Fairtrade, cada contêiner para exportação precisa ter, no mínimo, 51% de cafés especiais provenientes de pequenos produtores.

Além da indicação geográfica – que atribuiu identidade aos cafés da região e agrega valor de mercado ao produto – a adequação do processo produtivo foi decisiva para alcançar o mercado internacional, destino de 100% dos cafés especiais Fairtrade da região. Os principais compradores são Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa.

Desafio

Desenvolver um padrão capaz de repetir a qualidade ao longo dos anos é o próximo grande desafio. "Enquanto no Sul de Minas a topografia é desfavorável e no Cerrado Mineiro o solo exige irrigação, no Norte Pioneiro temos topografia favorável e solo fértil, mas precisamos lidar com a chuva na colheita. Nada que conhecimento e técnicas apropriadas de manejo não possam resolver", ressalta o presidente da Acenpp, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues. Segundo ele, felizmente os produtores entenderam que isso não é custo e sim, investimento.

Pontuação

O que torna um café especial?

Condições climáticas favoráveis; solo fértil; e manejo cuidadoso. A soma equilibrada desses fatores é que define os atributos do café, que também variam conforme a região. A análise da qualidade é feita com base na metodologia de avaliação sensorial objetiva chamada SCAA Cupping Method, que avalia individualmente 10 atributos do café numa escala de zero a 10: fragrância e aroma; uniformidade, ausência de defeitos; doçura; sabor; acidez; corpo; finalização; harmonia; e conceito final. Para ser considerado especial, o café precisa atingir, no mínimo, 80 pontos pela metodologia SCAA. Essa pontuação indica uma bebida adocicada, sem adstringência ou aspereza. Quanto mais essas características são potencializadas, mais especial é o café, que pote atingir até 100 pontos. Enquanto isso, a classificação dos cafés tradicionais leva em conta a quantidade e os tipos de defeitos de uma determinada amostra.

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