Por Ribeirão Claro, Carlópolis, Jacarezinho e Pinhalão - Cíntia Junges, enviada especial
28/09/2013 às 21:03
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Ademir Baggio, produtor de Ribeirão Claro. Aos 63 anos, ele encarou o desafio de produzir grãos especiais
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Ademir herdou a propriedade que foi do pai e do avô, também cafeicultores. Mesmo aposentado, ele não pensa em parar com a produção de café
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Até 2009, Ademir plantava café convencional. Agora, ele toca a lavoura de dois hectares de cafés especiais junto com a esposa, Joana Baggio
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Joana se reveza entre as atividades da casa e a secagem do café no terreiro. Ao fim do dia, o café é recolhido para que não umedeça com o sereno
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Funcionário contratado por Ademir para ajudar na colheita, abana o café recolhido na lavoura para separar os grãos das impurezas
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Depois da limpeza, feita ainda na lavoura, os grãos vão para o terreiro para secar. É preciso mexer os grãos constantemente, posicionando-os na direção do sol
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Ademir mostra que ainda tem energia para abanar café, mesmo após ter sofrido um infarto.
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Há dois anos, Ademir sofreu um infarto e foi hospitalizado, mas confessa que contava as horas para voltar à lavoura de cafés especiais
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Depois de torrar e moer os grãos especiais em casa mesmo, Joana passa um café produzido na propriedade
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Propriedade do casal Ademir e Joana Baggio, o Sítio Santa Clara fica a quatro quilômetros do centro de Ribeirão Claro, no Norte Pioneiro
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Cleomilson Serafim, 27 anos, e o pai, Augusto Serafim, 62 anos. Entraram para o Projeto dos Cafés Especiais em 2010
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Augusto Serafim, na lavoura de café da família.
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Cafezal da família Serafim, no município de Ribeirão Claro. Eles trabalham com cinco variedades: Catuaí Amarelo, Obatã, PR-99, Ouro Verde e Mundo Novo
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Em parte das lavouras de cafés especiais do Norte Pioneiro, a colheita é feita com a ajuda de uma máquina chamada derriçadora
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Pelo método da derriça, os grãos caem sobre lonas e depois são recolhidos e encaminhados para a limpeza, onde é feita a separação das folhas e impurezas
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Esposa de cafeicultor Augusto Serafim, Oronesta ajuda a mexer o café no terreiro
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Depois que o café sai do terreiro, ainda vai para uma máquina para que o processo de secagem seja concluído. O calor gerado pelo fogo ajuda a secar os grãos
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Cafés dentro da máquina de secagem. Família Serafim investiu mais de R$ 100 mil na compra de equipamentos para profissionalizar a produção de cafés especiais
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Cafés produzidos pela família Serafim já foram exportados para os Estados Unidos e para a Suíça
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Cleomilson Serafim fez um curso de degustação de cafés especiais no Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). Hoje ele sabe identificar os atributos dos cafés que produz
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Produtor de Carlópolis, Cláudio dos Santos, 55, adequou a propriedade e investiu R$ 20 mil para produzir cafés especiais.
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Café esparramado no terreiro da propriedade do produtor Cláudio Santos. À noite, os grãos são cobertos para não absorver umidade. Mesmo os grãos descascados voltam para o terreiro para secar
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Donizete de Lima, produtor de Carlópolis. Com a ajuda dos filhos Tiago e Alberto, ele cultiva cinco hectares de cafés especiais. A expectativa é atingir 250 sacas beneficiadas neste ano, sendo 30% com padrão Fairtrade para exportação
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Donizete despeja o café colhido em uma máquina que faz a limpeza e separação dos grãos verdes e vermelhos dos pretos. A família investiu mais de R$ 20 mil na compra de máquinas para limpeza, separação e secagem do café
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Luiz Roberto Saldanha Rodrigues, cafeicultor e presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp)
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Cafezal da Fazenda Califórnia, em Jacarezinho. Em 2006, Luiz Roberto montou um plano de reestruturação produtiva da fazenda e incluiu o cultivo de cafés especiais
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Funcionário faz a colheita mecanizada do café na Fazenda Califórnia, onde o cultivo de grãos especiais soma 240 hectares
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A máquina
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Na fileira ao lado, um trator vai armazenando os grãos colhidos pela máquina
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Depois da colheita, os grãos são lavados e descascados. No mercado internacional, a maior demanda é pelos grãos cereja descascados
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Os grãos descascados seguem para o terreiro para secar ao sol e precisam ser mexidos constantemente para que a secagem seja uniforme
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Cafés especiais da Lavrinha, distrito do município de Pinhalão
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Sebastião Vieira Sobrinho, o
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Aos 16 anos, Augusto Cesar Bacon Vieira, filho de Tião, ajuda a secar o café no terreiro, ao lado da casa da família
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Cafés especiais das variedades Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo produzidos na Lavrinha. Tião explica que os cafés da região tem sabor frutado e são naturalmente doces
Graças a um projeto criado em 2006 por produtores locais em parceria com o Sebrae-PR, a primeira Indicação Geográfica de Procedência do Paraná tem aroma e sabor de café especial produzido no Norte Pioneiro do estado. A região recebeu, no ano passado, o reconhecimento do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e se juntou ao Cerrado Mineiro e a Serra da Mantiqueira, ambas em Minas Gerais - as únicas três regiões do país com o registro oficial na produção de grãos especiais.
A conquista beneficiou 7,5 mil cafeicultores de 45 municípios do Norte Pioneiro do Paraná e colocou a região definitivamente em um mercado que cresce entre 10% e 15% ao ano, segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), na sigla em inglês enquanto o segmento de cafés tradicionais cresce apenas 3% ao ano.
Do total, 85% são pequenos produtores familiares como o casal Ademir e Joana Baggio de Ribeirão Claro. Aos 63 anos, eles representam uma nova geração de cafeicultores que aceitou o desafio de produzir cafés especiais depois de uma vida dedicada ao cultivo do café commodity. Baggio foi um dos primeiros a entrar para o Projeto de Cafés Especiais, em 2009. Da lavoura de dois hectares, herdada do pai, já saíram grãos exportados para os Estados Unidos, Japão e Peru.
"Por enquanto, cada produtor busca atingir 30% de sua produção com grãos especiais", diz José Rezende da Silva, superintendente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp). Somada, a produção de cafés especiais chega a 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano, mas representa apenas 1% de todo o café produzido no estado.
As propriedades que participam do projeto são certificadas Fairtrade comércio justo, em inglês , selo que garante um preço entre 30% e 40% acima do mercado de café convencional para a produção baseada em boas práticas ambientais e sociais. Pelas regras do Fairtrade, cada contêiner para exportação precisa ter, no mínimo, 51% de cafés especiais provenientes de pequenos produtores.
Além da indicação geográfica que atribuiu identidade aos cafés da região e agrega valor de mercado ao produto a adequação do processo produtivo foi decisiva para alcançar o mercado internacional, destino de 100% dos cafés especiais Fairtrade da região. Os principais compradores são Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa.
Desafio
Desenvolver um padrão capaz de repetir a qualidade ao longo dos anos é o próximo grande desafio. "Enquanto no Sul de Minas a topografia é desfavorável e no Cerrado Mineiro o solo exige irrigação, no Norte Pioneiro temos topografia favorável e solo fértil, mas precisamos lidar com a chuva na colheita. Nada que conhecimento e técnicas apropriadas de manejo não possam resolver", ressalta o presidente da Acenpp, Luiz Roberto Saldanha Rodrigues. Segundo ele, felizmente os produtores entenderam que isso não é custo e sim, investimento.
Pontuação
O que torna um café especial?
Condições climáticas favoráveis; solo fértil; e manejo cuidadoso. A soma equilibrada desses fatores é que define os atributos do café, que também variam conforme a região. A análise da qualidade é feita com base na metodologia de avaliação sensorial objetiva chamada SCAA Cupping Method, que avalia individualmente 10 atributos do café numa escala de zero a 10: fragrância e aroma; uniformidade, ausência de defeitos; doçura; sabor; acidez; corpo; finalização; harmonia; e conceito final. Para ser considerado especial, o café precisa atingir, no mínimo, 80 pontos pela metodologia SCAA. Essa pontuação indica uma bebida adocicada, sem adstringência ou aspereza. Quanto mais essas características são potencializadas, mais especial é o café, que pote atingir até 100 pontos. Enquanto isso, a classificação dos cafés tradicionais leva em conta a quantidade e os tipos de defeitos de uma determinada amostra.
Cafés especiais
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