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Vale da seda

Paraná faz o melhor fio de seda do mundo

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Os bichos-da-seda

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Os bichos-da-seda

O produtor recebe as larvas ainda pequenas da Bratac, de Londrina, a única fiação industrial de seda do país. Pouco mais de um mês depois, entrega o casulo

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O produtor recebe as larvas ainda pequenas da Bratac, de Londrina, a única fiação industrial de seda do país. Pouco mais de um mês depois, entrega o casulo

Para alimentar os bichos-da-seda, o produtor Nivaldo Vilas Boas Simões, de Nova Esperança (Noroeste do Paraná) colhe folhas de amoreira – alimento exclusivo dos bichos – até cinco vezes por dia |

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Para alimentar os bichos-da-seda, o produtor Nivaldo Vilas Boas Simões, de Nova Esperança (Noroeste do Paraná) colhe folhas de amoreira – alimento exclusivo dos bichos – até cinco vezes por dia

As folhas frescas de amoreira são espalhadas cuidadosamente sobre milhares de lagartas acomodadas em esteiras, dentro de um galpão |

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As folhas frescas de amoreira são espalhadas cuidadosamente sobre milhares de lagartas acomodadas em esteiras, dentro de um galpão

As lagartas comem folhas de amoreira quase sem parar, durante um mês |

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As lagartas comem folhas de amoreira quase sem parar, durante um mês

As lagartas comem folhas de amoreira quase sem parar, durante um mês |

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As lagartas comem folhas de amoreira quase sem parar, durante um mês

O carinho e a dedicação dos produtores são recompensados após um mês de criação, quando o bicho sobe ao

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O carinho e a dedicação dos produtores são recompensados após um mês de criação, quando o bicho sobe ao

O bicho-da-seda tece seu casulo ininterruptamente, durante três ou quatro dias. Depois de prontos, os casulos são entregues à Bratac, que compra a produção |

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O bicho-da-seda tece seu casulo ininterruptamente, durante três ou quatro dias. Depois de prontos, os casulos são entregues à Bratac, que compra a produção

Mauro Sérgio Vicentini é um dos funcionários da fiação Bratac que prestam assistência técnica aos produtores |

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Mauro Sérgio Vicentini é um dos funcionários da fiação Bratac que prestam assistência técnica aos produtores

Cerca de 95% dos casulos produzidos no Vale da Seda paranaense são de primeira qualidade: têm em média 1,2 mil metros de fio ininterrupto cada um, sem defeitos. Os fios são beneficiados pela Bratac. Cerca de 90% da produção dela é exportada, para virar tecido no exterior |

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Cerca de 95% dos casulos produzidos no Vale da Seda paranaense são de primeira qualidade: têm em média 1,2 mil metros de fio ininterrupto cada um, sem defeitos. Os fios são beneficiados pela Bratac. Cerca de 90% da produção dela é exportada, para virar tecido no exterior

João Berdu, presidente do Instituto Vale da Seda, fundado em 2009: objetivo do instituto é estimular a produção local de tecido e peças de seda, elevando a geração de riquezas na região |

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João Berdu, presidente do Instituto Vale da Seda, fundado em 2009: objetivo do instituto é estimular a produção local de tecido e peças de seda, elevando a geração de riquezas na região

Os casulos de segunda linha, cerca de 5% do total, são rejeitados pela indústria. Mas também têm seu valor. A fiação artesanal O Casulo Feliz, de Maringá (Norte do Paraná), compra esses casulos e os transforma em uma imensa variedade de peças |

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Os casulos de segunda linha, cerca de 5% do total, são rejeitados pela indústria. Mas também têm seu valor. A fiação artesanal O Casulo Feliz, de Maringá (Norte do Paraná), compra esses casulos e os transforma em uma imensa variedade de peças

Os casulos de segunda linha, cerca de 5% do total, são rejeitados pela indústria. Mas também têm seu valor. A fiação artesanal O Casulo Feliz, de Maringá (Norte do Paraná), compra esses casulos e os transforma em uma imensa variedade de peças |

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Os casulos de segunda linha, cerca de 5% do total, são rejeitados pela indústria. Mas também têm seu valor. A fiação artesanal O Casulo Feliz, de Maringá (Norte do Paraná), compra esses casulos e os transforma em uma imensa variedade de peças

Depois que os fios são separados do casulo, um dos primeiros passos é a

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Depois que os fios são separados do casulo, um dos primeiros passos é a

Algumas peças produzidas na fiação O Casulo Feliz não passam pela degoma. Assim, o fio fica mais rústico, semelhante a uma palha |

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Algumas peças produzidas na fiação O Casulo Feliz não passam pela degoma. Assim, o fio fica mais rústico, semelhante a uma palha

Máquina na fiação artesanal O Casulo Feliz: empresa fatura cerca de R$ 3 milhões por ano |

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Máquina na fiação artesanal O Casulo Feliz: empresa fatura cerca de R$ 3 milhões por ano

Máquina na fiação artesanal O Casulo Feliz: empresa fatura cerca de R$ 3 milhões por ano |

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Máquina na fiação artesanal O Casulo Feliz: empresa fatura cerca de R$ 3 milhões por ano

Trabalhador em tear na empresa O Casulo Feliz: fiação artesanal emprega 30 pessoas |

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Trabalhador em tear na empresa O Casulo Feliz: fiação artesanal emprega 30 pessoas

Trabalhadora na empresa O Casulo Feliz: fiação artesanal emprega 30 pessoas |

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Trabalhadora na empresa O Casulo Feliz: fiação artesanal emprega 30 pessoas

Peças produzidas na O Casulo Feliz: cerca de 60% da produção é destinada à alta moda; 20% à área de decoração e 20% para redes de tevê como a Globo e a Record, que usam as peças em novelas e minisséries |

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Peças produzidas na O Casulo Feliz: cerca de 60% da produção é destinada à alta moda; 20% à área de decoração e 20% para redes de tevê como a Globo e a Record, que usam as peças em novelas e minisséries

O zootecnista Gustavo Augusto Serpa Rocha, dono da O Casulo Feliz:

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O zootecnista Gustavo Augusto Serpa Rocha, dono da O Casulo Feliz:

Dirce Gonçalves dos Santos é a presidente da cooperativa Artisans Brasil, que reúne 37 mulheres da área rural de Nova Esperança |

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Dirce Gonçalves dos Santos é a presidente da cooperativa Artisans Brasil, que reúne 37 mulheres da área rural de Nova Esperança

Alice Liberato Gargaro, integrante da cooperativa Artisans Brasil |

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Alice Liberato Gargaro, integrante da cooperativa Artisans Brasil

Os cachecóis de fio de seda artesanal, produzidos em pequenos teares pelas integrantes da cooperativa Artisans Brasil, estarão à venda nas 12 subsedes da Copa do Mundo de 2014 |

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Os cachecóis de fio de seda artesanal, produzidos em pequenos teares pelas integrantes da cooperativa Artisans Brasil, estarão à venda nas 12 subsedes da Copa do Mundo de 2014

Mariposa

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Mariposa

Roxelle Munhoz, pesquisadora do laboratório da UEM: o principal projeto é o desenvolvimento de um híbrido rústico do bicho-da-seda, que produza um fio mais adequado às fiações artesanais da região do Vale da Seda |

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Roxelle Munhoz, pesquisadora do laboratório da UEM: o principal projeto é o desenvolvimento de um híbrido rústico do bicho-da-seda, que produza um fio mais adequado às fiações artesanais da região do Vale da Seda

Do ovo ao fio: quadro no laboratório da UEM mostra o ciclo de vida do bicho-da-seda |

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Do ovo ao fio: quadro no laboratório da UEM mostra o ciclo de vida do bicho-da-seda

O melhor fio de seda do mundo é obra de bichos do Paraná. Os bichos-da-seda propriamente ditos e as 4 mil famílias de criadores do estado, responsável por 92% da produção nacional de casulos de seda.

A maior parte dessas famílias, cerca de 3 mil, se concentra em 29 municípios do Noroeste, no chamado Vale da Seda, o maior polo de produção de casulos do Ocidente. Desde sempre voltada à exportação do fio, a região tenta agora formar uma verdadeira cadeia produtiva, que transforme a seda crua em produto final e multiplique a geração de riquezas. Os ganhos são evidentes: um quilo de casulo de primeira qualidade, pelo qual o criador recebe cerca de R$ 13, rende até quatro echarpes de seda de R$ 90 cada.

Matéria-prima de qualidade não falta. Resultado da combinação de clima propício, décadas de melhoramento genético e dedicação dos criadores, o fio com que as lagartas daqui tecem o casulo é de excelência, conforme atestam grifes como a francesa Hermès, que desde 2006 só usa fio brasileiro em seus lenços de seda, vendidos a US$ 600.

Mais que uma receita extra, a agregação de valor é vista como questão de sobrevivência, talvez a única forma de reverter o declínio da sericicultura no país. A produção e o número de criadores vêm diminuindo, sob o impacto da concorrência da China e da migração dos produtores para outras atividades. Das 17 fiações industriais existentes no país há 20 anos, restou apenas a Bratac, de Londrina.

Com poucas exceções, hoje a cadeia produtiva do setor começa e termina nessa empresa. É ela quem fornece as larvas de bicho-da-seda e a assistência técnica aos produtores, e mais tarde compra e beneficia os casulos. Cerca de 90% do fio que ela produz vai para o exterior, principalmente o Japão, e o restante é vendido a confecções do Sudeste.

"Meu sonho é que daqui a 30 anos, todo viajante que passar pela região e quiser algo bem típico, compre uma peça de seda", diz João Berdu Garcia Junior, presidente do Instituto Vale da Seda, que desenvolve projetos para agregar valor à produção local. A região, afinal, margeia o "corredor da moda" que vai de Londrina a Cianorte, um polo de confecções com cerca de 4 mil empresas. Dessas, umas 100 teriam condições de produzir peças de seda, estima Berdu.

O instituto também quer valorizar a produção artesanal e multiplicar iniciativas como a da cooperativa Artisans Brasil, formada por 37 mulheres da área rural do município de Nova Esperança. Nas horas vagas, elas produzem cachecóis de seda – produtos que, dentro de um projeto do Sebrae, em 2014 estarão à venda nas 12 subsedes da Copa do Mundo.

Lagarta recebe tratamento vip

Atividade tipicamente familiar, criar bicho-da-seda requer muita disposição. Tarefa para gente como Nivaldo Vilas Boas Simões, 53 anos, há 29 na atividade.

Morador da área rural de Nova Esperança, ele se levanta às 4 da manhã para dar de comer à criação. Antes da primeira luz do dia, vai à lavoura colher folhas de amoreira, que depois espalha cuidadosamente sobre milhares de lagartas acomodadas em esteiras dentro de um galpão. Ele e a esposa, Creonice, repetem o ritual até cinco vezes ao dia, para garantir que não falte folha fresca ao bicho, que só se alimenta da amoreira. A lagarta retribui o carinho após um mês de criação, quando começa a tecer o casulo, trabalho que dura de três a quatro dias.

Tanto esmero do criador – típico do método de criação herdado da colônia japonesa e empregado há quase um século no país – tem sua recompensa. A produção brasileira, de 3 mil toneladas de casulo por ano, não chega a 1% do total mundial, mas em termos de qualidade deixa para trás gigantes como China e Índia. No Brasil, 95% dos casulos são de primeira: têm em média 1,2 mil metros de fio ininterrupto cada um, sem defeitos. Na Ásia, que apostou em raças que dispensam maiores cuidados, nem metade da produção atinge esse nível.

Laboratórios preservam e cruzam raças

Domesticado há cerca de 3 mil anos, na China, o bicho-da-seda é a larva da mariposa Bombyx mori, que desde então não existe na natureza. Na sericicultura, o ciclo de vida da espécie é interrompido antes da formação da mariposa – por meio de calor, o bicho é sacrificado no estágio de pupa, logo após formar o casulo, para preservar o fio intacto.

As raças e híbridos cultivados hoje foram cuidadosamente selecionados ao longo dos últimos séculos, e toda a reprodução é controlada pelo homem. No Paraná, dois laboratórios cuidam da preservação de raças e do melhoramento genético do bicho-da-seda: o da fiação Bratac e o da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que herdou os bancos genéticos da Cocamar e da Fujimura, que abandonaram a sericicultura.

A UEM tem um banco com 50 germoplasmas, dos quais 35 são raças provenientes da China, Índia e Japão. Seu principal projeto, iniciado em 2010, busca desenvolver um híbrido rústico do bicho-da-seda, que produza um fio mais adequado às fiações artesanais da região do Vale da Seda. "Já selecionamos seis híbridos de boa produtividade, e agora vamos avaliar como eles reagem às diferentes condições do ambiente. O trabalho deve durar mais uns três anos", conta a pesquisadora Roxelle Munhoz.

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