Morena Rosa
Quem faz
Ano de fundação: 2006
Em que área atua: recuperação da biodiversidade e dos recursos pesqueiros
Em que cidade atua: Pontal do Paraná e Matinhos, no litoral
Número de pessoas envolvidas: 28
Custo: R$ 3,5 milhões de 2010 a 2012, sendo R$ 2,5 milhões da Petrobras e R$ 1 milhão da Secretaria de Ciência e Tecnologia
Por que é bem feito: é o primeiro programa a receber licenciamento do Ibama para lançar recifes artificiais na costa brasileira.
Tecnologia
Aço e cimento especial, as matérias-primas ideais
É claro que não dá para lançar qualquer coisa no mar e esperar que esse acúmulo lá no fundo forme um recife artificial. Juliano Dobis, coordenador do Rebimar e diretor executivo da MarBrasil, explica que concreto e aço são materiais que se adaptam bem ao oceano. Ainda assim, o PH do cimento é muito elevado. O PH, ou potencial hidrogeniônico, mede o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução. Por isso foi necessário desenvolver um concreto específico para a confecção dos recifes artificiais.
Ariel Scheffer da Silva, presidente da MarBrasil e um dos idealizadores do Rebimar, se envolveu pessoalmente no desenvolvimento desse material. O cimento usado atualmente tem o PH corrigido com sílica, o que o deixa mais alcalino e parecido com os recifes naturais, facilitando a colonização dos organismos. O recife artificial do projeto é um bloco de concreto com dimensão de 40 cm por 40 cm, vazado, com aberturas em forma de trevo, e é produzido na Sertão Blocos, empresa que fica em Paranaguá, no litoral do Paraná.
Fauna
Até agora foram registradas 20 espécies de peixes associadas aos recifes artificiais do Rebimar. Veja a lista:
Badejo mira
Caratinga
Cioba
Cocoroca (2 variedades)
Enxada ou Paru branco
Garoupa verdadeira
Maria da toca ou Macaco
Marimba
Palombeta
Pampo ou Sarambiguara
Peixe-porco galhudo
Peixe-porco
Robalo peva
Roncador amarelo
Salema vermelha
Sargentinho
Sargo de beiço
Sargo de dentes
Xaréu ou Graçaí
Um litoral pequeno como o paranaense 98 quilômetros de extensão , com poucas ilhas, não é o ambiente ideal para a formação dos recifes naturais. Essas estruturas costumam estar associadas às regiões de costão rochoso, ou seja, à costa ou a ilhas. Por aqui, 80% do fundo marinho são formados por sedimento arenoso. E por que precisamos dos recifes? É neles que a vida marinha se desenvolve, já que são fontes de alimentação e são usados para refúgio e reprodução.
SLIDESHOW: Confira imagens do trabalho das equipes do Rebimar
É por tudo isso que a Associação MarBrasil lançou, em 2006, o Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha (Rebimar) a partir de um acordo com a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Paraná (Seti) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Rebimar foi o primeiro programa a receber o licenciamento do Ibama para o lançamento de recifes artificiais na costa brasileira.
Pesquisadores da UFPR, com o apoio financeiro do governo federal, haviam realizado um experimento entre 1997 e 2003. Naquele período, mais de 1,5 mil recifes artificiais de diversos tipos foram instalados nas imediações das Ilhas de Currais. A ação causou aumento da produtividade biológica e pesqueira à medida que limitou a ação dos barcos que fazem a pesca de arrasto.
Vida nova
A coordenadora de Biodiversidade da MarBrasil, Janaína de Araújo Bumbeer, explica que aproximadamente duas horas depois de lançados os recifes, aparecem os primeiros peixes. Para criar uma fauna mais permanente no local são necessários cerca de três meses. Já o tempo para formar uma comunidade grande e rica, completa Janaína, varia de 10 a 20 anos. Atualmente, 3,5 mil estruturas estão espalhadas em dez pontos do litoral paranaense, desde o balneário de Atami até Praia de Leste, a uma distância aproximada de 1.200 metros um do outro e a uma profundidade média de 14 metros. Todos estão em Pontal do Paraná. Essa linha ocupada pelos recifes artificiais está localizada há duas milhas e meia da costa.
Esses dez pontos contam com 120 blocos de concreto em cada um deles. Em novembro do ano passado a MarBrasil retomou os lançamentos dos recifes artificiais, "engordando" as estruturas já instaladas. A Gazeta do Povo acompanhou o último lançamento realizado nessa etapa. Quatro pilhas com 34 blocos de concreto foram levadas para o ponto de lançamento a bordo de uma balsa adaptada para esse trabalho, com quatro plataformas basculantes. Essas pilhas, com cerca de 1 metro de altura, são lançadas no mar assim que a balsa chega ao ponto sinalizado com boia, que indica a localização do recife artificial. Desta vez, mais de 16 toneladas de concreto desceram ao fundo do mar com a missão de fomentar a vida marinha.
Pescadores foram da desconfiança à parceria
Como toda novidade vem carregada de interrogações, alguns dos pescadores do litoral paranaense reagiram com desconfiança ao projeto do lançamento de recifes artificiais. O maior receio era que a novidade limitasse a atividade pesqueira, fonte de renda das comunidades. Mas houve quem apostasse suas iscas no Programa de Recuperação da Biodiversidade Marinha, o Rebimar. Um deles é Pedro da Silveira Alves, de 63 anos, 40 dedicados à pesca.
Sempre disposto a uma boa conversa, ele conta que apostou na ideia desde o início e colaborou com a equipe da Associação MarBrasil. Foram os pescadores que auxiliaram os técnicos na definição dos pontos para o lançamento dos recifes artificiais. O "Barba", como é conhecido no balneário de Ipanema, em Pontal do Paraná, lembra que o maior medo dos pescadores era perder área de pesca, já que ela não poderia ser praticada na linha em que são instalados os recifes. Mas essa área representa apenas 0,4% do espaço total liberado para a atividade.
São os pescadores que podem dizer se o lançamento dos recifes artificiais está cumprindo uma de suas missões, que é a recuperação dos recursos pesqueiros. Daniel Favoreto, 15 anos de mar, lembra que nesse período caiu de até 200 quilos por dia para cerca de 40 quilos diários o resultado da pesca. Por isso ele defende as ações que possam auxiliar na construção de uma nova realidade.Os pescadores sabem que os resultados serão alcançados a longo prazo, mas já começam a vislumbrar mudanças. Barba garante que espécies que antes não eram encontradas ou estavam em pequenas quantidades, como peixe-porco e robalo, agora são mais comuns.
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