José Terrabuio Júnior , sócio-fundador da Beenoculs. Empresa foi uma das ganhadoras do Bem Feito no Paraná.| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Os curitibanos da Beenoculus estão de casa nova. Há cerca de um mês, a startup deixou as instalações do Parque de Software da capital, na Cidade Industrial, para ocupar uma sala mais espaçosa na sede do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), no Jardim Botânico.

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A mudança é retrato da nova fase da empresa, que se assumiu como uma desenvolvedora de conteúdos educacionais para levar adiante a missão de popularizar a realidade virtual –e mostrar que a tecnologia não está aí para brincadeiras.

VÍDEO: Veja como funciona o Beenoculus

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A Beenoculus foi a empresa vencedora, na categoria startups, do Prêmio Bem Feito no Paraná 2015, uma realização da Gazeta do Povo em parceria com a Escola de Comunicação e Negócios da Universidade Positivo.

Fundada ano passado pelos irmãos José Terrabuio Júnior e Rawlinson Terrabuio, a startup foi oficialmente lançada em janeiro deste ano, na Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, uma das mais relevantes feiras de tecnologia do mundo. Foi durante o evento que surgiu a versão finalizada do acessório que dá nome à startup e permite a donos de smartphones mergulhar no universo da realidade virtual.

A presença dos curitibanos na feira foi a primeira mostra de que o Beenoculus podia causar algum barulho, mesmo em um mercado que tem atraído pesquisas e investimentos vultuosos de gigantes como Microsoft, Google, Sony e Facebook. A startup foi selecionada para se apresentar no espaço Eureka, dedicado a pequenos negócios inovadores. O que chamou a atenção da organização da CES foi o baixo custo do acessório, apresentado a US$ 35.

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O preço acessível é um dos diferenciais do negócio da Beenoculus e arma fundamental na atração de empresas parceiras. O gadget é fabricado em plástico por meio de impressão 3D e vem com duas lentes – o principal componente, ao fim, é o próprio celular, que é preso dentro dos óculos e fornece o hardware necessário para rodar os aplicativos e jogos. O funcionamento é semelhante ao projeto Cardboard, do Google, que utiliza visores de papelão.

“Assim temos uma grande vantagem de conseguir competir de igual para igual com outros players, mesmo com os custos de produzir no Brasil”, afirma Júnior, o desenvolvedor do produto. Os Beenoculus são vendidos pela internet, no site da startup, por R$ 159. Por enquanto, mais de 10 mil foram comercializados.

Imersão

Com o produto pronto em mãos, a startup se concentra agora em produzir conteúdo para ser visualizado via realidade virtual. Além dos cinco sócios, a empresa conta hoje com 10 profissionais, responsáveis por criar games e também captar imagens de ambientes reais por meio de câmeras que filmam em 360 graus e transformá-las em vídeos interativos.

A intenção é focar em projetos, encomendados por empresas parceiras, na área educacional, tanto para aprendizagem de crianças e adolescentes quanto em capacitação profissional – a rede de universidades Estácio está entre os clientes recentes (leia mais nesta página). “Nosso objetivo é trabalhar com educação imersiva em primeira pessoa. Queremos mostrar que a realidade virtual pode ajudar as pessoas no mundo real. Ao viver uma experiência por meio dos óculos, ela vai memorizar isso e poderá usar em outro momento”, relata Júnior.

De lá pra cá

A Beenoculus é uma das empresas incubadas na Incubadora Tecnológica de Curitiba (Intec), do Tecpar, apesar de não estar mais fisicamente na sede do órgão. Além da assessoria na formatação do negócio, a estrutura do instituto foi essencial na produção dos primeiros protótipos dos acessórios de realidade virtual, em impressoras 3D. A startup também está com um pé em São Paulo. Rawlinson Terrabuio, um dos irmãos co-fundadores do negócio, se mudou para a capital paulista para ocupar um espaço no Cubo, coworking criado pelo Itaú e o fundo Redpoint e.ventures – o local foi escolhido neste mês como o melhor coworking do Brasil na premiação Spark Awards, organizada pela Microsoft.

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Startup concentra esforços em produção de conteúdo

 

Depois de desenvolver o acessório para smartphones, a Beenoculus se concentra agora em desenvolver conteúdos para serem utilizados por meio da realidade virtual. A produção, edição e “empacotamento” desses conteúdos, em forma de aplicativos para celulares, é estratégica para a receita da startup, que tende a ganhar mais desenvolvendo projetos sob encomenda do que com a venda dos aparelhos para o usuário final.

A empresa não divulga dados de faturamento, mas garante que o negócio já está gerando lucro –que, por sua vez, é revertido quase que integralmente por enquanto em novos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. “A chave é conteúdo. Queremos inovar sempre. Estamos desenvolvendo tecnologias para agregar valor ao nosso negócio e ser um fornecedor desses conteúdos em realidade virtual para o mercado”, afirma o co-fundador da Beenoculus, José Terrabuio Júnior.

O esforço tem gerado resultados e chamado a atenção de grandes nomes pelo país. A startup está gravando vídeos em 360 graus de jogos do Palmeiras no Allianz Parque, em São Paulo –as imagens são depois editadas para serem visualizadas por meio dos óculos de realidade virtual. A parceria inclui até a produção de acessórios com as cores do time, em verde e branco.

Outra iniciativa recente envolveu o filme A Travessia, que retrata a história do equilibrista que atravessou o vão entre as duas Torres Gêmeas em cima de um cabo de aço. A Beenoculus foi contratada para dar assessoria e fornecer os óculos que foram usados em uma ação promocional em São Paulo, em que os espectadores do filme eram convidados a experimentar a sensação de estar em cima das torres.

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