“Isso aqui não é uma fábrica, é uma oficina de fundo de quintal”, dizia o engenheiro alemão que daria a consultoria à recém-formada Tecverde, enquanto chutava um dos maquinários improvisados montados pelos três jovens empresários paranaenses Caio Bonatto, Beto Justus e Lucas Maceno, todos ainda universitários. Isso foi 2009. Sete anos depois, a empresa de tecnologia para construção é uma máquina de ganhar prêmios de inovação e gestão justamente por lapidar o impulso juvenil, apostar na criatividade e compromisso com eficiência. Um deles, o Bem Feito no Paraná (na categoria Pequenas e Médias Empresas).
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“Precisávamos de R$ 10 milhões para abrir a fábrica. Fizemos com R$ 200 mil. Tínhamos uma semana para produzir uma casa de 200 metros quadrados [pelo método wood frame, que usa perfis e chapas de madeira pré-montados e é uma alternativa à alvenaria convencional]. Era no boom da construção civil. Metade das pessoas que iriam para trabalhar naquele dia não apareceram. Colocamos a mão na massa com os parentes. Conseguimos construir a casa”, relembra Caio Bonatto, CEO da empresa paranaense, sobre os primeiros dias. Difíceis.
A realidade hoje é bem diferente. A empresa cresceu a olhos vistos neste relativamente pouco tempo. Em 2016, com cenário de crise, conseguiu dobrar de tamanho enquanto muito construtores sofreram para sobreviver. Pesou, claro, o aporte de R$ 20 milhões de um fundo norte-americano, que viu o potencial de crescimento da empresa. “Nossa história vem nessa linha, de forma intensa. Mas, para isso acontecer, nessa intensidade, tivemos não só que inovar nos processos de construção e de produto, mas também de gestão. Foi uma empresa que desde o primeiro momento teve um conselho de administração formado por membros externos”, conta o CEO.
“Em 2009, mesmo sendo uma empresa limitada, já tinha esse conselho respeitado com ex-vice-presidente de banco, presidente da IBM na época, pessoas influentes do setor. Também já trabalhávamos por meta e meritocracia”, diz. “A gente formou uma cultura que é focada nas pessoas, com um jeito mais informal, funcionários com mais liberdade, capacidade de decidir. A mão-de-obra é bastante jovem”, diz Bonatto. “À la Vale do Silício”.
Recentemente, a Tecverde implantou um trabalho focado em mindfulness (para concentração). Todos os dias os funcionários meditam pela manhã e pela tarde. Há também indicadores de inteligência positiva e felicidade para seus 220 colaboradores (incluindo fábrica, escritório e canteiros de obras) – um programa desenvolvido em Harvard. “Posturas como essa de focar num sonho grande com inovação, sustentabilidade, ter uma causa por trás, trazer as pessoas certas, criar uma cultura de fazer esse projeto acontecer, é que são nosso mérito”, diz Bonatto.
O resultado é capitalizado em números, prêmios e parcerias. Neste último quesito, destaca-se o encontro com a construtora MRV, que quer intensificar as construções de prédios com o wood frame. E, se isso acontecer, deve impulsionar o crescimento da empresa paranaense. “Ano passado construímos 800 casas. Neste, fizemos 1.500. Ano que vem chegaremos a 3.000 casas”, projeta o CEO.