Muitas escolas primárias ainda adotam o velho hábito de anotar na agenda recados para os pais. Na escola O Pequeno Polegar, o responsável fica sabendo em tempo real a hora em que a criança passa pela catraca, qual o cardápio do almoço, as atividades previstas ao longo do dia, avisos de indisciplina e boletim com desempenho escolar, tudo através de um aplicativo para celular.
A inovação é um dos diferenciais do estabelecimento de ensino da família Andriguetto, vencedor da categoria comércio e serviços pequenas empresas do Prêmio Bem Feito no Paraná 2015, uma realização da Gazeta do Povo em parceria com a Escola de Comunicação e Negócios da Universidade Positivo. É o bicampeonato da escola para alunos de um a dez anos com sede em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
A virada no rumo do negócio aconteceu há cinco anos, quando os filhos de Lula Andriguetto resolveram profissionalizar a gestão da escola fundada pela matriarca em 1983. Os novos administradores lançaram o aplicativo, implantaram um sistema de gestão integrado e inseriram instrumentos de acompanhamento e desenvolvimento de pessoas, como coaching para os coordenadores e mentoria para os professores, além dos treinamentos contínuos de aperfeiçoamento.
A mudança trouxe resultados visíveis. Nos últimos dois anos, a lucratividade da empresa aumentou, em média, 18%, e o faturamento chegou a R$ 3,3 milhões por ano. A taxa de evasão caiu de 10% para 3% e a rotatividade dos colaboradores é quase nula, com exceção daqueles que se aposentam.
As salas de aula também ficaram cheias. São quase 500 alunos matriculados neste ano, enquanto em 2013 o número era 360. “Estamos no melhor momento da escola”, garante o coordenador-geral Haroldo Andriguetto Júnior.
Negócio em família
O segredo para o crescimento está na gestão familiar profissional. Em cada função chave, há um filho da dona Lula, diretora-geral do grupo. Haroldo Júnior, formado em administração, é o coordenador-geral. Fernando, psicólogo, é o coordenador de gestão de pessoas. O engenheiro Fábio é o coordenador da área de apoio e alimentos e o também engenheiro Fabrício é o gestor de tecnologia que fornece todo o aparato tecnológico para a escola.
“Temos na grande maioria das escolas primárias uma gestão professoral, em que um professor ou pedagogo é lançado aos cargos de gestão”, explica Haroldo Júnior. No Pequeno Polegar, a família Andriguetto conseguiu aliar os objetivos empresariais aos de ensino, mantendo a qualidade na prestação do serviço. “Olhamos para a área pedagógica com olhar de professor”, diz Júnior.
Investimento
A escola investe de 10% a 12% do faturamento em inovação tanto para a parte administrativa quanto de ensino. Outro diferencial é fazer um planejamento estratégico anual com antecedência, garantindo que os pais não sejam pegos de surpresa e precisem pagar nenhuma taxa extra durante o ano letivo. “Em novembro de 2015, já sabemos tudo o que vai acontecer em 2016”, afirma Júnior.
O administrador garante que gerir uma escola é um grande desafio, já que o produto oferecido – o conhecimento – é de difícil mensuração e padronização. “O grupo com que lidamos é altamente especializado e heterogêneo. Hoje você tem que ter muita capacidade de liderança e de gestão para conseguir colocar as metas da empresa junto com as da área pedagógica”, reforça.
Desenvolvimento pessoal em 1º lugar
O slogan d’O Pequeno Polegar é “uma escola humana”. Para que isso deixe de ser apenas uma frase de efeito e passe a ser incorporada na cultura organizacional, a empresa foca no desenvolvimento pessoal, tanto dos alunos quanto dos funcionários.
As crianças passam o mínimo de tempo em sala de aula e em contato com atividades de reprodução, pois o foco são as atividades de criação. Os alunos têm aulas de contação de história, inglês, música, capoeira e balé, tudo em espaços abertos ou lúdicos. Mas o grande diferencial são os territórios de aprendizagem, aulas ao ar livre com brinquedos e materiais reciclados para pintar, criar, montar e costurar.
“Na busca por inovação, queríamos algo que conseguisse atrair os alunos de hoje em dia. Eles estavam muitos dispersos, parecia que a escola não era mais atraente, só tecnologia encantava. Fomos atrás dos referenciais das melhores escolas de educação infantil que estão na Itália e trouxemos para cá”, diz o coordenador-geral da escola, Haroldo Andriguetto Júnior.
Para 2016, estão previstas aulas interdisciplinares de inteligência emocional, método chancelado pelo doutor em psicologia Augusto Cury. “Aquilo que hoje em dia é trabalhado somente na faculdade, vamos trabalhar no ensino primário”, afirma Júnior. Haverá aulas de orientação pessoal, como lidar com perdas e frustações e saber dizer não.
Formação continuada
Para os funcionários, o diferencial está em aulas de coaching para os coordenadores e mentoria para os professores, além de formação específica para todas as funções mensalmente.
Anualmente também é feito um treinamento de imersão para todos os 46 funcionários. São 24 horas dedicadas a desenvolver habilidades pessoais que reflitam o slogan de ser uma escola humana. “Estamos em um nível de maturidade organizacional. Todos recebemos e trocamos feedback”, garante Júnior.