A regra número um de quem ensina a investir na bolsa é não vender a ideia de que existem milagres. Formar um patrimônio em ações para garantir uma renda no futuro exige disciplina para aplicar sempre, dedicação para acompanhar o mercado e autocontrole para não deixar de pensar no longo prazo características que o investidor brasileiro ainda precisa amadurecer.
"Não conheço ninguém que saiu do nada e ficou rico em três anos, operando com dinheiro próprio", diz Paulo Portinho, gerente-geral do Instituto Nacional de Investidores (INI), que ontem apresentou na Expo Money feira de finanças pessoais que terminou ontem em Curitiba o método de investimento que sua instituição ensina. "Sabe quem fica rico? Os estrangeiros que investem em nossas ações", provoca. Segundo ele, em países com sistemas financeiros mais maduros, as pessoas estão mais acostumadas a enxergar na bolsa de valores uma poupança de longo prazo e não uma fonte de ganhos imediatos.
A primeira dica de Portinho é investir constantemente, dentro das possibilidades de cada um. Nada de vender o carro para comprar aquela ação que o colega de trabalho disse que vai disparar. Pequenas aplicações, como o décimo terceiro, ou uma parte do salário, são suficientes para que o patrimônio cresça ao longo do tempo.
Outra recomendação dos especialistas em investimentos é diversificar. A analista Luciana Leocádio, da Ativa Corretora, explica que o ideal é procurar empresas de setores diferentes para diluir o risco. Para pequenos investidores, a carteira deve ter entre quatro e 12 ações mais do que isso fica muito difícil acompanhar, alerta. "E é bom seguir o desempenho das empresas e da economia de forma geral. Ao longo do tempo, a carteira vai sendo adaptada às mudanças econômicas", explica.
Ações
Com a decisão de investir e conhecendo a necessidade de diversificar, é hora do poupador escolher seus papéis. O método usado pelo INI traz uma dica: comprar empresas com forte correlação entre lucros e os preços de seus papéis. "Escolha empresas em crescimento", recomenda Portinho. E isso toma tempo ler balanços, olhar gráficos e estatísticas faz parte do trabalho de quem quer selecionar sua carteira. Outra recomendação do especialista é comprar papéis de empresas com bom nível de governança corporativa. Empresas do Novo Mercado da Bovespa, por exemplo, trazem algumas vantagens para os pequenos investidores.
Segundo Luciana, o investidor precisa aprender a avaliar o cenário econômico para decidir que setores ganharão peso na carteira ao longo do tempo. Em um momento em que as exportações não vão bem, por exemplo, é pouco provável que companhias que dependem muito das vendas externas tragam retorno. "No fim do ano passado, com a volatilidade da bolsa, foi o momento de se adotar uma estratégia mais conservadora, com investimentos em papéis de empresas com faturamento mais estável", conta a analista. Setores como o de energia elétrica e de telecomunicações foram boas opções naquele momento. Quando a economia sinalizar um crescimento mais forte, é hora de ser mais agressivo. "A bolsa tem subido nas últimas semanas, mas é cedo para dizer que é uma tendência de longo prazo. Ainda é bom ser conservador", avalia.
Técnica
Outro fator que faz a diferença para o investidor ser bem-sucedido é ter algum conhecimento sobre os negócios nos quais vai investir. Segundo Marcio Rodrigues, professor da Investeducar, empresa que oferece cursos para iniciantes no mercado financeiro, as pessoas ainda cometem erros básicos por desconhecer o funcionamento da bolsa, dos balanços e os indicadores mais relevantes para avaliar como anda uma empresa. "Nas corretoras normalmente não se explica o básico, espera-se que o investidor já saiba", diz.
O erro mais comum apontado por Rodrigues é a crença de que a renda variável sempre vai dar retorno. Assim, os investidores deixam de lado a análise técnica de ações para que se aproveitem as possibilidades de ganhos mesmo em cenários desfavoráveis.
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