Se a crise econômica ensinou lições (algumas muito duras) até para quem já costumava investir antes da "marolinha" bater por aqui, o panorama também influenciou o comportamento de quem resolveu investir no mercado após o estouro da bolha financeira. "Esses novos investidores são mais moderados do que aqueles que atuavam no mercado antes da crise", compara o professor de administração financeira da FAE Centro Universitário, Samir Bazzi.

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Mas, apesar de toda a cautela que caracteriza quem se aventura pelo mercado financeiro atualmente, a maior diferença no comportamento dos novos investidores, segundo Bazzi, é a ânsia por informações. "Até a crise estourar era comum vermos apostas, sem muita preocupação, em papéis pouco consolidados, mas de grande rendimento. Quem entra no mercado agora não quer arriscar. Por isso, se cerca de toda a informação que puder conseguir", diz.

O problema, de acordo com o professor, é onde buscar essa informação. E o mais importante: o que fazer com ela. "Muita gente recorre à internet atrás de dicas e panoramas futuros. Mas o risco de encontrar informação tendenciosa é grande", observa. Um exemplo é dado pelo próprio Bazzi. "Minha esposa ia trocar de carro no fim do ano passado. Ela vendeu o carro antigo três semanas antes da troca. Resolvi aplicar esse dinheiro em ações da Petrobrás, mesmo sabendo da volatilidade desses títulos à época." Resultado: o professor de Administração Financeira viu o valor das ações cair de R$ 43 para R$ 21 em apenas duas semanas. "Estou esperando a recuperação até hoje."

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Quem sabe

Por isso, para os iniciantes, outra forma de se proteger é buscar informações com especialistas (antes de contratá-los, porém, nada melhor do que buscar informações a respeito deles!). Pedro Oliveira Franco, diretor da corretora Oliveira Franco, é um desses especialistas. Ele também percebeu mudanças significativas na atitude dos novos investidores com relação ao mercado. "Eles não estão dispostos a correr riscos desnecessários. Estão mais preocupados com a governança das empresas das quais vão adquirir os títulos, com a qualidade desses ativos e com o lucro nos resultados futuros", diz.

Quem se arrisca

E mesmo com as incertezas atuais, ambos garantem que quem resolveu entrar no mercado financeiro após a crise ainda prefere investir na Bolsa a buscar outras modalidades, como imóveis ou fundos de renda fixa. Dados relativos a 2008, divulgados pela BM&F-Bovespa em janeiro deste ano, corroboram essa tese. Mesmo com a crise, houve aumento no número de pessoas físicas investindo em bolsas de valores. O Paraná, com pouco mais de 30 mil investidores de um total de 537 mil, ocupa a quinta posição entre os estados brasileiros, e registrou um crescimento de 24% em relação em relação a 2007.

"Existem excelentes oportunidades no mercado. O que os novos investidores perceberam é que vale a pena analisar e investir cautelosamente visando, principalmente, ao lucro no longo prazo", explica Oliveira.

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