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O modelo de gestão de pessoas de algumas centenas de organizações tem passado por um crivo rigoroso: a avaliação do Great Place to Work, ao longo dos 13 anos de publicação do ranking das melhores empresas para se trabalhar. O resultado deixa claro o quanto elas têm se aperfeiçoado e, na avaliação do presidente do instituto, Ruy Shiozawa, como têm ampliado a visão de que um ambiente de trabalho agradável é bom não só para seus colaboradores, mas para os negócios como um todo.

"As empresas estão se tornando cada vez melhores nas suas práticas porque perceberam que atenção e um forte investimento nas pessoas as tornam mais produtivas e rentáveis. A satisfação dos seus clientes internos se reflete, sem dúvida, no balanço financeiro", diz o executivo.

A observação se confirma em números. A média de satisfação dos colaboradores das empresas que compõem o ranking nacional subiu, em média, 3 pontos porcentuais anualmente nos últimos sete anos.

Do ponto de vista dos negócios, os cálculos mostram que o índice Ibovespa, que reúne as ações das empresas mais negociadas na bolsa, quadruplicou entre 2000 e 2009. Na mesma comparação, o valor das ações das empresas ranqueadas pelo Great Place to Work aumentou 12 vezes. Significa dizer que, se fosse possível aplicar R$ 100, no ano 2000, nas empresas do Ibovespa, eles valeriam no ano passado R$ 400. Em companhias do ranking, a mesma aplicação teria chegado a R$ 1.205.

Outras duas características do estudo chamam a atenção: o aumento da participação das mulheres no grupo de gestores das empresas e a percepção de que as companhias se comprometem, cada vez mais, com princípios éticos. "Os próprios funcionários entendem que seus gestores amadureceram e que as empresas nas quais eles trabalham reforçam o compromisso com a comunidade onde estão inseridas", afirma. "Um conjunto de companhias mais éticas contribui para a imagem do país como um todo."

Já a presença feminina em cargos de gestão garante mais espaço. Em 1997, o estudo do instituto revelava que as mulheres ocupavam 11% destes postos nas organizações ranqueadas. Em 2010 elas são 36% dos gestores do país. "Ainda há um espaço a ser conquistado, porque elas são 45% do total do quadro", calcula Shiozawa.

"Mas houve uma mudança drástica, e elas têm cada vez mais oportunidades em posições de liderança."

Inédito no Paraná

A metodologia do GPTW é aplicada em 45 países e o estudo é divulgado por algumas das publicações mais influentes do mundo – como a americana Fortune e o jornal britânico Financial Times. No Brasil, a pesquisa nacional é publicada pela revista Época. A edição paranaense passa, a partir deste ano, a ser publicada anualmente pela Gazeta do Povo, do Grupo Paranaense de Comu­nicação (GRPCom). "É parte da nossa missão comunicar, pôr em comum atitudes que possam ser exemplo para outras empresas e que contribuam para o desenvolvimento do estado", diz a jornalista Ana Amélia Filizola, vice-presidente do grupo e diretora da unidade Jornais. "A publicação do ranking é uma oportunidade clara para fazermos isso. Vamos mostrar caminhos para que outras empresas também se desenvolvam, contribuindo para o crescimento do Paraná."

Os colaboradores

As empresas participantes desta primeira edição paranaense do ranking das Melhores Empresas para Trabalhar inscreveram seus cases pelo site do Great Place to Work. Obrigatoriamente elas têm mais de 50 funcionários, estão sediadas no Paraná e, no mínimo, há três anos atuam no mercado nacional ou internacional.

As companhias que cumprem os pré-requisitos passam para a segunda etapa do estudo, que é dividido em duas partes. Na primeira delas, é escolhido um grupo de colaboradores para responder a um questionário com 58 perguntas referentes ao ambiente de trabalho, quanto às relações com outros colegas e com superiores, reconhecimento de oportunidades de desenvolvimento e planos de cargos e salários. As questões medem, ainda, o quanto eles estão comprometidos com o negócio e sentem orgulho do que fazem.

Ou seja, para entrar no ranking das melhores empresas para se trabalhar as companhias devem ter boas práticas de recursos humanos mas, principalmente, precisam ser reconhecidas e valorizadas por seus funcionários.

Esses dados, explica a gerente de marketing do GPTW, Viviane Rocha, respondem por 62% da média final da empresa. Outros 5% têm origem nos comentários espontâneos feitos pelos funcionários no fim do questionário. A escolha dos colaboradores é feita por sorteio, dentro de uma amostra que represente o quadro funcional da empresa. "Qualquer direcionamento pode ser denunciado pelo funcionário em nosso 0800", diz a gerente. "O processo é todo sigiloso e as respostas são enviadas diretamente para a consultoria, sem que a empresa tenha acesso."

Práticas

Outro conjunto de perguntas precisa ser respondido pela área de recursos humanos. O questionário resulta em 33% da média da empresa. Nele estão as reúne perguntas sobre as práticas e políticas de RH – como remuneração, pacote de benefícios, educação corporativa e programas de qualidade de vida e proteção ao ambiente de trabalho.

As respostas são avaliadas pela equipe do GPTW em conjunto com o material complementar enviado pela empresa – vídeos, fotos e relatórios que ajudam a apresentar as ações de maneira tangível. "Eventualmente também realizamos visitas para explorar alguns pontos", explica Viviane.

Na avaliação, o instituto leva em consideração as práticas recorrentes, e não as ações pontuais. "Inovação é, sem dúvida, muito importante. Mas há um peso grande na sua abrangência e relevância. É importante que ela envolva um número significativo de funcionários e que seja realmente uma prática constante da empresa."

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