Não basta ser bom vendedor para fazer parte da equipe da Gazin, varejista de móveis e eletrodomésticos de Douradina, Noroeste do Paraná. É preciso conhecer a "ideologia" da empresa. Por isso, em 2013 ela passou a oferecer treinamento na sede a todos os novos contratados da área de vendas. No fim de outubro, por exemplo, 157 pessoas passaram dez dias na cidade de 8 mil habitantes para, entre outras coisas, conhecer o estilo do fundador, Mário Valério Gazin. Além de fazer palestras, ele preparou cinco jantares para os recém-chegados, uma prática comum do empresário, mas que chamou a atenção dos que vieram de lugares distantes do país, como Pará ou Acre.
A Gazin, que pelo terceiro ano consecutivo ocupa o topo da lista entre as melhores empresas para trabalhar no Paraná, tem 6 mil empregados e 194 lojas espalhadas em 13 estados, além de seis fábrica de colchões e estofados. Ela adota práticas comuns na área de recursos humanos, como ginástica laboral, universidade corporativa e bolsas de estudo mais de 50 pessoas concluíram a faculdade entre 2012 e 2013 com a ajuda da empregadora.
Mas a varejista vai além na criatividade e no envolvimento das pessoas para atingir os objetivos traçados pela administração. A começar pela oração e pelas palavras de incentivo matinal, que reúnem as equipes do escritório, das fábricas e das lojas. Os caminhoneiros que carregam produtos da empresa acompanham as falas pelo rádio no fim do dia. E quem cumpre metas ganha mimos como viagens com o chefe. Em abril, 208 pessoas passaram uma semana em Porto Seguro (BA) por conta da Gazin. "Umas 500 pessoas viajaram em 2013 com o patrão", conta o empresário. Eles visitaram também o Pantanal, os Estados Unidos, a Argentina e a Alemanha.
A ideia de levar os novos trabalhadores para passar alguns dias na sede, segundo a gerente de gestão de pessoas, Viviane Thomaz, será ampliada a partir de 2014. Não só vendedores, mas todos os recém-contratados terão de conhecer Douradina e o modelo de administração da Gazin. Após o processo de seleção, a empresa providencia as passagens e acomoda os visitantes na associação dos funcionários, porque não há hotel que comporte tanta gente na vizinhança. "Temos tido bons resultados com os vendedores que vieram no começo do ano", conta ela, enquanto come uma pitanga colhida de uma árvore que fica no fundo do terreno onde está a sede.
No "Parque das árvores", como foi batizado o local, vários frutos já foram colhidos, como amora, manga, ameixa, goiaba, carambola. Ele abriga ainda outras plantas, como ipês, pau-brasil e mogno, todas plantadas por empregados com mais de dez anos de casa. Uma placa em cada tronco conta quem plantou e quando. Uma delas é a pitangueira de Adriano de Oliveira Novo, de 2008, que era trabalhador rural antes de entrar na Gazin. Ele começou há 15 anos no centro de distribuição, iniciou o curso de contabilidade com a ajuda da empresa, foi atuar no departamento pessoal, trancou a matricula do primeiro curso e fez vestibular para publicidade. Hoje é pós-graduado em marketing e diz que todos os seus sonhos foram proporcionados pela empresa.
A história da Gazin também tem a ver com dificuldades e busca de oportunidades. Ela foi fundada por Mário há 46 anos, mas foi com a crise da cafeicultura, nos anos 1970, que ele e os irmãos ampliaram a área de atuação. O caminhão da Gazin foi levar mudanças de produtores para outros estados e, para não deixar de atender os clientes, a empresa abriu mais lojas e não parou de avançar. Durante o ano ele contou sua história e exemplo de administração em 46 palestras que fez pelo país.
Agora, depois de alguns anos de preparação, o fundador está prestes a deixar o comando. Em janeiro de 2014, quem assumirá o posto será Osmar Della Valentin, que trabalha com o empresário há 20 anos. Caberá a ele manter a filosofia de investir em gente para ter o retorno esperado. "A Gazin não é uma empresa como as outras. É a mais bonita do mundo, porque aqui o povo é feliz", afirma Mário.
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