Uma das principais vocações econômicas do Noroeste do Paraná é o agronegócio, atividade que esteve profundamente ligada ao processo de ocupação da região. Entre as décadas de 1940 e 1970, a cafeicultura realizada em pequenas propriedades serviu de base para o desenvolvimento local. No entanto, o setor cafeeiro entrou em crise, o que acabou incentivando a criação das cooperativas, fator essencial na recuperação e fortalecimento do setor agrícola na região.
Um dos principais responsáveis por este processo foi a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá. Criado em 1963 por 46 cafeicultores, o grupo diversificou suas atividades e atualmente é uma das maiores cooperativas brasileiras, com 10,7 mil associados, dois mil colaboradores e 54 unidades operacionais nas regiões Norte e Noroeste, voltadas para o recebimento da produção e a venda de insumos agropecuários.
Para o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, a organização de cooperativas foi muito importante para os pequenos proprietários, que passaram a ter apoio de uma grande estrutura gerencial e de mercado. "A cooperativa organiza tudo, oferecendo um conjunto de serviços que dão segurança para o produtor. Sozinho, o agricultor não tem o que fazer. Fora das cooperativas, as estruturas disponíveis são muito poucas e atendem basicamente as propriedades de grande porte", explica.
Recordes
Ainda de acordo com Lourenço, o ano de 2011 foi o melhor da história da Cocamar, que bateu recorde nos recebimentos de soja (930 mil toneladas), milho (506 mil toneladas) e laranja (7,5 milhões de caixas). Além disso, até o início de dezembro do ano passado foram recebidas 70 mil toneladas de trigo e 300 mil sacas de café. Segundo o presidente, este resultado foi possível graças a uma série de fatores, incluindo o arrendamento de 24 unidades operacionais da cooperativa Corol, de Rolândia.
Lourenço também destacou o investimento realizado pelos agricultores para modernizar a produção, o que manteve a competitividade dos produtos, mesmo com o clima não sendo favorável durante o inverno. "Nós percebemos que os produtores estão aceitando e utilizando tecnologias melhores. Isso tem permitido aumentar a produtividade e alcançar melhores variedades", informou.
A cooperativa previa fechar 2011 com um faturamento de R$ 2 bilhões (R$ 540 milhões somente no setor do varejo), 25% a mais que em 2010 (R$ 1,6 bilhão). Para 2015, a meta é alcançar os R$ 3 bilhões. "Mesmo com a crise, os preços não têm caído muito. Ainda sou muito otimista para os próximos anos", analisa Lourenço.
Frango
Além da fruticultura e das culturas de soja e milho, o Noroeste também se destaca pela avicultura. Com mais de dez abatedouros, a região é responsável por 41% da produção paranaense, com 286,7 milhões de cabeças de aves somente no primeiro semestre deste ano.
Estes números devem crescer ainda mais em breve, com a chegada da BR Frango em Santo Inácio. Com investimentos da ordem de R$ 100 milhões, a empresa que está em fase de instalação deve expandir o número de abates de aves na região em até 420 mil unidades por dia até 2013.
Agroindústria familiar
Outro setor que vem ganhando força na região noroeste é a agroindústria familiar, que já conta com cerca de 300 micro e pequenas empresas. Para o consultor do Sebrae e gestor do Projeto de Desenvolvimento das Agroindústrias do Noroeste do Paraná, Joversi Luiz de Rezende, o setor pode crescer ainda mais.
A legislação prevê que pelo menos 30% dos recursos utilizados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) que este ano teve um orçamento de R$ 3,1 bilhões - devem ser investidos na compra direta de produtos da agricultura familiar. "Hoje falta produto para atender a demanda. É uma grande oportunidade", declarou. Entre os produtos mais produzidos estão os itens de panificação, embutidos, geléias e doces.
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