Os municípios no entorno de Tibagi concentram 85% das florestas plantadas de todo o Paraná| Foto: Josué Teixeira

O setor florestal é um dos principais empregadores das regiões dos Campos Gerais, Centro e Norte Pioneiro, entre fabricantes de papel, celulose e painéis de madeira do estado. Considerada o "coração" do setor florestal, a região abriga 85% das florestas plantadas do estado – 720 mil hectares – e emprega cerca de 40 mil pessoas, segundo levantamento feito pela consultoria Consufor a pedido da Gazeta do Povo.

CARREGANDO :)

A alta produtividade das florestas vem garantindo projetos de expansão do parque fabril de empresas e mobilizando municípios para aumentar a industrialização da madeira.

A região está entre as mais produtivas do mundo nessa área. Uma floresta chega a render 40 metros cúbicos por hectare por ano para eucalipto e 30 metros cúbicos por hectare por ano para pinus, até sete vezes mais que Canadá e países da Escandinávia, tradicionais produtores, lembra Ederson de Almeida, diretor da Consufor.

Publicidade

O resultado tem garantido in­­vestimentos de grandes empresas do setor, como a Klabin, fabricante de papel para embalagens; Masisa e Arauco (painéis de madeira); e das indústrias de pa­­pel Stora Enso e Norske Skog. "Pelo menos 67% dos empregos diretos do setor florestal no estado e 69% do consumo de madeira estão nessa região", diz Almeida.

Mobilização

A cadeia florestal tem efeito multiplicador nos pequenos municípios, que têm buscado se unir para garantir investimentos. No ano passado foi criada, por 14 cidades da região dos Campos Gerais, Cen­­tro e Norte Pioneiro, a Agência de De­­senvolvimento Regional da Ca­­deia Produtiva da Madeira do Mé­­dio Tibagi. A área florestal da re­­gião é estimada entre 150 mil e 200 mil hectares. A intenção é promover a instalação de empresas que produzem portas, móveis e forros, dentre outros.

"O objetivo é fomentar o plantio e a industrialização da madeira na própria região. Não queremos ser apenas um exportador de tora", afirma o prefeito de Tibagi, Sin­­val Silva (PMDB), presidente da agên­­cia. Dentro do setor agropecuário, a madeira é a segunda fonte de renda para a cidade, de 19 mil ha­­bitantes.

Os municípios que integram a agência também negociam com o governo do estado e a Klabin um acordo inédito para a partilha de ICMS da nova fábrica de celulose que a companhia pretende construir na região e que envolve recursos da ordem de R$ 5,8 bilhões, in­­cluindo ativos florestais. O objetivo é que 50% do ICMS gerado pela industrialização da madeira fique no município que sediará a fábrica. A outra metade seria dividida en­­tre as cidades que fornecem madeira.

Publicidade

A Klabin não fala do projeto, mas tem realizado reuniões com os municípios e deve definir o local nos próximos meses – Tibagi e Ortigueira são fortes candidatas.

Recentemente a empresa comprou, junto com a Arauco, 107 mil hectares – 63 mil hectares de florestas plantadas –, por US$ 473,5 mi­­lhões, para fazer fren­­te aos planos de expansão.

Almeida, da Consufor, afirma que o setor vem se profissionalizando, depois do fechamento de muitas empresas, principalmente de madeira sólida, durante a crise de 2008. "A indústria amadora, com baixa profissionalização e pouco capitalizada, está em extinção no estado."