Nelson Poliseli, diretor do Sindicato das Moveleiras: empresas do setor são as maiores consumidoras de painéis de madeira aglomerada| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

O avanço do consumo da classe C, principalmente no Nordeste brasileiro, fez crescer as vendas do polo moveleiro de Arapongas, considerado o maior do Paraná e o segundo maior do país. O faturamento das empresas, que produzem principalmente estofados, móveis para quartos e cozinhas populares, cresceu 40% nos últimos cinco anos e supera R$ 1,2 bi­­lhão por ano. Um de cada dez mó­­veis vendidos no Brasil é feito na cidade.

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Cerca de 70% da economia de Arapongas, que tem cerca de 104 mil habitantes e um Produto In­­terno Bruto (PIB) de R$ 1,9 bilhão, gira em torno do parque moveleiro, responsável por empregar 11 mil pessoas nas linhas de produção.

Nos últimos anos, o cenário econômico favorável possibilitou que a nova classe média fosse às compras e renovasse seu mobiliário, movimentando o mercado de móveis em todo o país. Uma pesquisa do Instituto DataPopular mostrou que os gastos desse pú­­blico com produtos como cama, sofá, armários, luminárias, tapetes e utensílios, atingiu R$ 17,9 bi­­lhões. O montante é superior ao gasto pela classe AB, que em 2010 destinou R$ 15,8 bilhões a esses produtos.

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As moveleiras de Arapongas são em sua maioria de controle familiar e surgiram a partir da década de 1960, com a decadência da cultura do café na região. O parque industrial, um dos primeiros do Paraná, abrange 167 indústrias e é o maior consumidor de chapas de madeira aglomerada do país, com 1,2 milhão de metros cúbicos por ano.

"Por uma questão de logística, as empresas de estofados têm instalado estruturas de montagem e distribuição no Nordeste", conta o diretor do Sindicato das Indústrias Moveleiras de Arapon­gas (Sima), Nelson Poliseli. O parque industrial de móveis, que se tornou um Arranjo Produto Local (APL), atrai mão de obra da zona rural, principalmente de cidades vizinhas, como Sabáudia, Apu­­carana e Vale do Ivaí. "Hoje há uma disputa das empresas pela mão de obra que trabalha na li­­nha de produção", afirma ele, que é dono de uma fábrica que faz cozinhas.

Apesar do crescimento ocorrido nos últimos anos, Poliseli diz que a crise internacional deve diminuir o ritmo de encomendas do setor, pelo menos no início deste ano. "Na crise de 2008 sentimos reflexo negativo no ritmo de encomendas. Acho que esse movimento pode se repetir dessa vez", afirma. Do faturamento das moveleiras da região, 7% vêm de exportações, destinadas principalmente ao Mercosul e à África.