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CÂMBIO

Especulação com dólar cai 60%, diz Tombini

Para Tombini, a inflação mensal vai entrar em trajetória "compatível para o centro da meta" no próximo trimestre | Antonio Cruz/ABr
Para Tombini, a inflação mensal vai entrar em trajetória "compatível para o centro da meta" no próximo trimestre (Foto: Antonio Cruz/ABr)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou ontem que as apostas dos bancos na queda do dólar foram reduzidas em 60% desde o início do ano, quando as chamadas "posições vendidas" no mercado cambial atingiram o patamar recorde de quase US$ 17 bilhões. Em janeiro, o BC anunciou medidas para reduzir essas apostas, que representam uma dívida que pode trazer perdas no caso de uma virada no câmbio, para um patamar próximo de US$ 10 bilhões. Esse nível deveria ser atingido a partir do dia 4 de abril, mas os números mostram que as instituições se anteciparam. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Tombini afirmou que essas apostas estão atualmente em menos de US$ 7 bilhões.

O presidente do BC disse também que há hoje um "influxo excessivo" de dólares para o país, que contribui para o crescimento do crédito, na contramão da ação do governo, apesar do aumento na compra de dólares feita pela instituição. Ontem, a moeda norte-americana era vendida a R$ 1,663 nos últimos negócios do dia, com queda de 0,24%.

Crédito

Tombini afirmou que o governo quer ver o ritmo de crescimento do crédito dentro de uma faixa de 10% a 15% neste momento. Segundo ele, uma expansão acima disso será "avaliada com cuidado pelo BC", para evitar um aumento da inadimplência acima do que seria natural em um momento de desaceleração da economia.

A capacidade de reação da economia brasileira à severa crise internacional desencadeada em 2008 foi ressaltada pelo presidente do Banco Central na audiência. Segundo Tombini, esse processo acabou impulsionando o crescimento da produção industrial, das vendas no varejo e da renda do trabalhador, que resultaram no aquecimento da atividade econômica interna em 2010.

Metas de inflação

Tombini defendeu o regime de metas de inflação como instrumento capaz de assegurar o crescimento equilibrado da economia nacional no médio e longo prazos. De acordo com o presidente do BC, esse sistema permite "manter a inflação sob controle e ao menor custo para a sociedade".

No entanto, para o presidente do BC, o peso da alta das commodities no mercado internacional é maior no Brasil do que em outros países. Isso porque, na economia brasileira, o peso dos alimentos é maior na cesta de consumo, entre 22% e 23%. Tombini alertou que, embora a alta dos preços das commodities não esteja sob o controle da autoridade monetária, é preciso, com o uso da política monetária, evitar os efeitos secundários desse choque na economia. Segundo Tombini, o processo de contenção da demanda agregada ajuda a evitar a propagação de choques de oferta na economia sobre os demais preços.

O presidente do BC previu que, no segundo trimestre deste ano, a inflação mensal tende a se deslocar para uma trajetória compatível para o centro da meta de inflação no Brasil, de 4,5%. No acumulado de 12 meses, no entanto, a inflação deve seguir em alta por mais tempo. Tombini destacou que isso se deve a fatores estatísticos e também a efeitos da inércia inflacionária, decorrente da inflação elevada verificada no último trimestre do ano passado.

Gastos públicos

Tombini também disse que a contenção de gastos anunciada pelo governo federal ajuda no esforço de combate à inflação. "O gasto público é efetivamente demanda agregada", disse Tombini, mencionando estimativas do mercado financeiro que comparam o esforço de controle de gastos públicos atual a uma alta da ordem de 1 ponto porcentual na taxa Selic.

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