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Importação

Espera por câmbio mais favorável lota porto seco

Para contornar os reflexos da alta no dólar, empresários importadores paranaenses estão deixando suas mercadorias guardadas por mais tempo nos portos secos, estocando os produtos nas Estações Aduaneiras Interior (Eadis) e nacionalizando-os aos poucos, conforme o câmbio fica mais favorável. A nova postura diminuiu a rotatividade e elevou os estoques – o porto seco de carga geral Curitiba I, instalado na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), está operando com 95% da sua capacidade.

Para adequar a operacionalidade à nova realidade, com o movimento de cerca de 40 contêineres por dia, a Armazéns Gerais Colúmbia S/A, companhia que administra a Eadi, está negociando a aquisição de um novo reach stacker – espécie de trator-guindaste utilizado para a movimentação dos contêineres, ao custo de R$ 1,5 milhão.

"Estamos aproveitando a isenção de impostos para aquisição de equipamentos para portos, aeroportos e estações aduaneiras. Em até 45 dias deve chegar o equipamento", informa o gerente geral de operações da Colúmbia, Antônio da Rocha.

Hoje a companhia trabalha com dois destes equipamentos, ambos adquiridos desde o início das operações da unidade, há cerca de 13 anos. Recentemente, os dois reach stakers passaram por um processo de reforma e manutenção. "Mesmo assim, existe o desgaste natural e a própria defasagem tecnológica. Além disso, a demanda exige um terceiro equipamento", justifica.

A parada técnica para conserto dos equipamentos trouxe dor de cabeça para alguns usuários da Eadi. Um empresário curitibano, que esporadicamente utiliza o entreposto para importação de artigos, conta que ficou com uma carga retida por três dias durante o período de manutenção.

Sem a mercadoria em mãos, o empresário, que prefere não se identificar, diz ter perdido um contrato de R$ 12 mil de um cliente que exigia o produto à pronta entrega.

O empresário revela, no entanto, que, por tratar-se de um problema administrativo da Eadi, o custo de armazenagem dos produtos, cerca de R$ 70 por dia, não foi repassado.

O gerente geral da Colúmbia diz que dado o volume de contêineres movimentados diariamente na unidade, atrasos pontuais como este podem ocorrer, mas garante que eles devem ser praticamente anulados com a chegada no novo equipamento.

Multi-modal

O porto seco de carga geral de Cascavel, administrado pelo consórcio Eadi Cascavel – formado pela Codapar e Ferropar – é apontado como único do Brasil que possibilita a troca do modal de transporte, de rodoviário para ferroviário e vice-versa. Mesmo assim, o atual volume de cargas é considerado pequeno – entre 50 e 60 liberações por mês.

Mas a administração da unidade espera viabilizar acordos para exportação de carne congelada de aves e suínos das regiões oeste e sudoeste do Paraná, além do transporte de soja paraguaia, da Eadi de Cascavel para o porto de Paranaguá. Para isso, a Eadi aguarda uma habilitação da Ferroeste autorizando a troca de modal.

"Se viabilizarmos os negócios, [o número de liberações] deve subir para 1,3 mil por mês. Isso vai elevar a demanda e exigir mais mudanças", avalia o supervisor técnico comercial da Codapar, Luiz Felipe Glock.

Vantagens

Tanto importadores quanto os administradores das Eadis concordam em um ponto: com o porto seco é possível economizar entre 20 e 30 dias na liberação de cargas – procedimento tecnicamente conhecido como desembaraço aduaneiro –, na comparação com o sistema aduaneiro portuário convencional.

O sistema de portos secos e a prestação de serviços das Eadis foi regulamentado em 1998, durante o segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, com o objetivo de desafogar a demanda em portos, aeroportos e fronteiras.

O Decreto nº 2.763 atribui à União o poder de outorgar a permissão ou concessão de exploração das unidades aduaneiras pela iniciativa privada por um período de 25 anos. "As concessionárias e permissionárias criaram tarifas e condições competitivas. Como entidade privada, temos interesse em manter a fidelidade do cliente e buscamos negociar tarifas de acordo com a periodicidade e os volumes de cada um. Além disso, fazemos os investimentos conforme a demanda para garantir agilidade nos serviços", defende Rocha, da Eadi Colúmbia. (ACN)

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