Joaquim Levy, novo ministro da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento: dificuldades à vista| Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Os objetivos anunciados pela nova equipe econômica na semana passada foram certeiros, mas dependem de algumas condições. Uma delas é descobrir a real situação das contas públicas, na avaliação do economista Eduardo Giannetti, que assessorou Marina Silva em sua candidatura à Presidência.

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"A nova equipe tem um desafio enorme, inclusive no quesito transparência. Tem muito esqueleto guardado e que precisa aparecer, por pior que já esteja o cenário traçado pela LDO [projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias]", diz.

Para o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, é "árduo" o desafio dos três indicados para comandar a área econômica do governo a partir de 2015 – Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Alexandre Tombini (Banco Central). A expectativa, diz Silveira, é de que a equipe busque em primeiro lugar o resgate da credibilidade fiscal.

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O tema, aliás, abriu o discurso de Levy, ao ser apresentado como futuro ministro. Ele propôs metas de superávit primário de 1,2% PIB para 2015 e de no mínimo 2% para 2016 e 2017. "O resgate da credibilidade fiscal é o primeiro indicador que os investidores olham. Isso passa por reduzir ao máximo as despesas e aumentar tributação onde puder para gerar o desejado superávit primário, que hoje está um desastre", diz Silveira. "O ministro terá de mexer em focos que são sabidamente problemáticos, como seguro-desemprego, pensões e aposentadorias."

Ao comentar o objetivo da nova equipe em reverter a trajetória ascendente da relação dívida bruta e PIB, hoje em 61,7%, Giannetti afirmou que "esse é o conceito mais relevante". É nesse indicador, argumenta o economista, que aparece a real situação do endividamento do setor público. Não é na dívida liquida. O economista também considera positiva a decisão de a nova equipe ter enfatizado a necessidade de aumentar a taxa de poupança das pessoas, dos setores privado e público. Mas para isso, diz, terá de aguentar a chiadeira dos poucos segmentos e empresas beneficiados. "Vai ser uma verdadeira operação desmame."