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crise grega

Esquerdista anti-resgate da Grécia pede apoio contra austeridade

Alexis Tsipras afirma que a elite política da Grécia está blefando quando diz que medidas duras de austeridade são necessárias para manter o país na zona do euro. E ele quer que os eleitores gregos o apoiem nessa ideia.

Com a Grécia indo às urnas em 6 de maio, o jovem líder do partido Coalizão da Esquerda está pedindo que os gregos não votem a favor da austeridade - e dos dois partidos pró-resgate que a impõem - argumentando que a Europa não pode se dar ao luxo de chutar a Grécia para fora da união monetária.

"É um pseudo-dilema, um mito fabricado, que o nosso futuro na zona do euro está em risco. É chantagem dos partidos pró-resgate, uma ferramenta para pressionar as pessoas a aceitar medidas que trazem miséria", disse ele à Reuters nesta cidade portuária na Grécia central.

"Se algum país deixar o euro sob pressão dos mercados, então, como um rebanho eles iriam buscar a próxima nação para especular a respeito. O custo para a zona, para a Alemanha, seria enorme", afirmou ele.

A retórica pode encontrar pouca simpatia entre os credores internacionais da Grécia, mas ele está ganhando eleitores em casa. O partido do esquerdista de 38 anos é um dos quatro que disputam o terceiro lugar nas eleições nacionais em 6 de maio.

Prometendo congelar os pagamentos aos credores e renegociar as políticas de austeridade incluídas no pacote de resgate mais recente da Grécia, o partido de Tsipras deve obter de 9 a 13 por cento dos votos.

A ascensão dos partidos antiresgate como a Coalizão de Esquerda está sendo observada com nervosismo pelos líderes europeus e do FMI, que temem que eles possam evitar que os grandes partidos do país consigam apoio suficiente para montar uma coalizão pró-resgate.

Os dois principais partidos que apoiam o socorro financeiro, o conservador Nova Democracia e o socialista Pasok, são vistos como a única opção viável para avançar com as reformas exigidas pelos credores estrangeiros em troca de ajuda para evitar a falência.

Mas Tsipras está apelando aos partidos de esquerda para enterrar suas diferenças e se unir para derrubar os dois maiores partidos, os principais participantes da política grega desde 1974.

Até agora ninguém comprou a ideia, mas ele diz que os resultados na noite da eleição poderiam mudar isso.

"Se em 7 de maio houver um potencial para formar uma maioria parlamentar com os partidos da esquerda - o comunista KKE, a Esquerda Democrática e o partido Verde - será muito difícil para eles dizer não apesar da resistência agora", disse Tsipras.

O KKE já descartou qualquer cooperação.

As últimas pesquisas publicadas antes do prazo de 20 de abril para a troca de dívida por investidores mostraram que o Pasok e o Nova Democracia combinados teriam uma votação de 33,6 a 44 por cento, sugerindo que eles devem ganhar a maioria dos 300 lugares no parlamento sob o sistema de votação grego.

Mas a perda de qualquer apoio adicional deixaria o cenário político em desordem e colocaria os partidos de esquerda em uma posição de força.

Os partidos esquerdistas contra o resgate - o KKE, a Esquerda Democrática e a Coalizão de Esquerda de Tsipras -, juntos, devem levar entre 21,2 e 33,5 por cento dos votos.

Salários búlgaros, preços de Bruxelas

Engenheiro civil por formação e mais jovem líder político do país, Tsipras emergiu na cena política em 2006, quando ele conquistou o terceiro lugar na corrida à prefeitura de Atenas.

Nascido quatro dias após a queda da ditadura militar na Grécia, em julho de 1974, ele tornou-se líder da Coalizão de Esquerda em 2008 e foi eleito para o parlamento em 2009. O partido foi fundado em 1992, após a fragmentação de um grupo de esquerda que incluía o KKE.

"O dilema é se vamos continuar essa política destrutiva de austeridade que traz pobreza ou se nós colocamos um fim nisso. Eles querem transformar a Grécia em um país com salários em níveis búlgaros e preços nos níveis de Bruxelas", disse ele no comício em Volos.

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