O governo do estado vai insistir na inclusão de um novo trecho ferroviário que ligue diretamente o interior do Paraná ao Porto de Paranaguá no Programa de Investimentos em Logística (PIL), pacote federal de concessões lançado há duas semanas e que pretende injetar R$ 133 milhões na infraestrutura brasileira nos próximos 30 anos. A proposta é construir uma estrada paralela à que já existe na Serra do Mar, a partir da estação de Engenheiro Bley (no município da Lapa) até o porto. Por enquanto, o governo federal tem dado prioridade à construção de um novo acesso a Paranaguá via São Francisco do Sul, no norte de Santa Catarina.
O secretário estadual de Infraestrutura, José Richa Filho, esteve ontem em Brasília para participar do lançamento do Projeto Sul Competitivo e, depois, teve uma reunião com o presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, para discutir o assunto. "Sempre tratamos as duas questões de forma separada. A ferrovia São Francisco-Paranaguá e a nova descida direta da serra [sem passar por Santa Catarina] são projetos que se complementam", afirmou o secretário.
Binário
Segundo ele, o encontro de ontem com Figueiredo foi um desdobramento da reunião sobre as obras previstas no PIL para o Paraná, que ocorreu na semana passada na Casa Civil. Na ocasião, a ministra Gleisi Hoffmann detalhou o programa para parlamentares e integrantes do Fórum Permanente Futuro 10 Paraná. Ela explicou que as dúvidas sobre como será o novo acesso a Paranaguá devem acabar com a conclusão de um Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental que o governo federal vai contratar em setembro e que deve ficar pronto dentro de sete a dez meses.
Gleisi, no entanto, deixou claro que considera como "melhor opção" a estrada São Francisco-Paranaguá. "Nós avaliamos que isso [o trecho direto Engenheiro Bley-Paranaguá] vai ter muita dificuldade ambiental. Para não demorar o projeto, nós fizemos uma opção", disse a ministra.
A ideia defendida pelo governo é implantar um sistema binário, que aproveite a atual capacidade da ferrovia já existente até Curitiba. Com isso, os trens poderiam trafegar em duas mãos distintas subindo por São Francisco do Sul e voltando por Curitiba (ou vice-versa).
Ministros
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, defende que a via direta Engenheiro Bley-Paranaguá não inviabiliza a ideia de um binário ligado ao trecho São Francisco-Paranaguá. Ele também conversou ontem com Bernardo Figueiredo sobre o assunto.
"Ele [Figueiredo] compartilhou conosco que já tem uma conversa com o ministro Paulo Passos [Transportes] e a ministra Izabella Teixeira [Meio Ambiente] para rever essa questão ambiental. Aparentemente, é a melhor alternativa de tráfego", afirmou Campagnolo.
Apesar da defesa do presidente da Fiep, o trecho Engenheiro Bley-Paranaguá não foi incluído entre as 51 prioridades listadas no Projeto Sul Competitivo, patrocinado pela federação. Segundo o responsável pelo estudo, Olivier Girard, da empresa Macrologística, o investimento e o impacto ambiental para a construção desse trecho são "altíssimos". "Você só estaria resolvendo uma perna, que é a de Paranaguá. Não estaria resolvendo o problema de São Francisco do Sul", disse Girard.
De acordo com estimativas da Macrologística, o trecho São Francisco-Paranaguá custaria R$ 750 milhões. Já a estrada Guarapuava-Paranaguá (passando pela estação Engenheiro Bley) teria um custo de R$ 2,3 bilhões.