Brasília - A disputa dos estados pelos lucros da exploração do pré-sal se acirrou ontem em evento do PAC no Itamaraty. Ao discursar, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) ignorou o tema do evento e declarou guerra federativa na partilha dos royalties do petróleo.

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Ele cobrou do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), visão nacional e igualitária. Do palco, Campos apontou o dedo para Cabral, sentado à sua frente, e disse que o Nordeste não aceita ser excluído da distribuição dos recursos.

"Devemos colocar a arte da política a serviço de um largo entendimento que seja bom para o país, que respeite a beleza e o carinho que o povo brasileiro tem pelo Rio de Janeiro. Proponho que possamos nos entender no Congresso, mas até lá é luta, camarada", disse o governador pernambucano.

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Depois do evento, Campos seguiu nas críticas ao Rio, São Paulo e Espírito Santo por não quererem ceder na partilha dos royalties. Disse que, se for preciso, o Nordeste voltará a fazer política regional e ganhará a briga no voto no Congresso.

"Se for no cabo de aço, não tenho dúvida, nós vamos ganhar. Se for a velha regra do regionalismo, vamos ganhar na Câmara e no Senado", disse Campos. Ele afirmou que no dia 10 será realizada reunião de governadores do Nordeste, em Fortaleza, quando todos se unirão pela defesa da divisão igualitária.

Campos chegou a questionar se os brasileiros que vivem no Rio são melhores do que os que vivem no Nordeste.

O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), engrossou o coro. Disse que Rio, São Paulo e Espírito Santo são 3 estados contra 24 e que a mudança do sistema de distribuição dos royalties não será questão de partidos ou de oposição e governo, mas de interesse dos estados.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que comandou a cerimônia, por causa da ausência de última hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, evitou alimentar o debate. Como candidata à sucessão no Planalto, Dilma não tem interesse em brigar com eleitores de nenhum estados. "Não vou entrar na polêmica da distribuição de recursos do pré-sal", afirmou.

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Oportunidade rara

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), defendeu ontem que "parcela expressiva" dos royalties do pré-sal seja investida em todos os estados. Afirmou ainda não ter nenhuma "crítica aguda" a fazer ao projeto apresentado ao Congresso pelo governo Lula.

Aécio disse que essa discussão sobre a divisão dos royalties precisa ser feita com "extrema generosidade para com o Brasil" e que já conversou com os coordenadores da bancada de Minas no Congresso, inclusive do PT, para que seja buscado "entendimento" com RJ, SP e ES.