Com muitas empresas brasileiras precisando vender ativos para fazer caixa e o governo federal querendo retomar as concessões que estavam paradas, as multinacionais voltaram a investir no Brasil. Elas estão comprando ativos à venda de estatais, principalmente nas áreas de petróleo e gás, começaram a adquirir partes de companhias locais afetadas pela Operação Lava Jato e demonstraram interesse em participar das rodadas de concessão do governo, em especial de aeroportos.
O professor da Fundação Dom Cabral Sherban Leonardo Cretoiu observa que, apesar da crise política e econômica dos dois últimos anos e da instabilidade nos setores que tiveram mudanças de legislação, é natural que as multinacionais voltem a investir no país.
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Ele destaca que o Brasil possui um mercado consumidor de grande porte e que os investimentos que estão sendo feitos visam ao futuro. “Indicadores momentâneos da economia não afetam a visão de longo prazo [dos investidores]”, diz Cretoiu.
O governo Michel Temer (PMDB) já sinalizou que quer facilitar a entrada de capital estrangeiro. O presidente esteve na Índia, China e Japão com o objetivo de atrair investimentos e destacou que o Brasil está trabalhando para oferecer mais segurança jurídica e previsibilidade reguladora ao investidor.
Os chineses, por exemplo, anunciaram em setembro aportes de cerca de R$ 15 bilhões no Brasil. A CBSteel deve construir uma siderurgia no Maranhão no valor de US$ 3,5 bilhões, e a elétrica chinesa State Grid comprou a participação da construtora Camargo Corrêa na CPFL Energy, companhia paulista com mais de 100 anos de mercado, por R$ 5,9 bilhões.
Ponto a favor
O preço baixo de alguns ativos e o câmbio favorável a quem opera em dólar são outros pontos fortes às multinacionais. Empresas nacionais atingidas pela Lava Jato, como a Petrobras e a Odebrecht, colocaram ativos à disposição do mercado para fazer caixa. A canadense Brookfield, por exemplo, comprou 70% da Odebrecht Ambiental por US$ 768 milhões.
Mas para que novos investimentos voltem a se consolidar no futuro, o economista da Mapfre Investimentos e presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luis Afonso Lima, afirma que é necessária a aprovação de marcos regulatórios, com destaque para o setor elétrico. “Há alguns pontos de atenção, como as tarifas que no passado recente foram utilizadas para controle da inflação”, diz o especialista.
Apetite
Desde que as multinacionais voltaram a mostrar interesse pelo Brasil, alguns setores despontam como maiores candidatos a atrair investimentos. Confira os principais:
Aeroportos
O leilão dos aeroportos de Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador tem despertado o interesse de companhias internacionais. Segundo o jornal Valor Econômico, os grupos Fraport (alemão), GAP (mexicano), OHL (espanhol), Vinci (francês) e Zurich (suíço) têm interesse em concorrer às licitações.
Energia
A estatal chinesa Three Gorges (CTG) confirmou a aquisição de todos os ativos da Duke Energy no Brasil por US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 3,8 bilhões). Já a State Grid comprou a participação da construtora Camargo Correa na paulista CPFL Energy por R$ 5,9 bilhões.
Gás
Na área de gás, o maior anúncio feito até o momento foi a venda de gasodutos da Petrobras por US$ 5,19 bilhões para a canadense Brookfield (BIP). A francesa Total também fechou parceria com a estatal brasileira para investir no segmento de óleo e gás no país. Os valores não foram revelados.
Petróleo
A Petrobras colocou US$ 19,5 bilhões em ativos à venda entre 2017 e 2018. Mas algumas negociações já aconteceram neste ano. A Statoil adquiriu a concessão do campo de Carcará por US$ 2,5 bilhões e foi escolhida como parceira “prioritária” no leilão do pré-sal que ocorrerá em 2017. A francesa Total fechou uma parceria com a Petrobrás para exploração e produção e a BR Distribuidora deve atrair o interesse de seis grupos, entre eles o francês Carrefour.
Saneamento
A canadense Brookfield anunciou na semana passada a compra de 70% da Odebrecht Ambiental, unidade de saneamento do grupo de construção civil. O valor do negócio é avaliado em US$ 768 milhões.
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