Três estatais ganharam valor de mercado nos últimos meses após um período marcado por quedas e perdas no governo de Dilma Rousseff (PT). Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobrás conquistaram pontos com o mercado após tomarem uma série de medidas para fazer caber despesas e investimentos nos seus orçamentos. Na prática, a avaliação positiva da atuação das novas gestões se traduziu na forte recuperação no valor dos papéis das empresas.
INFOGRÁFICO: Veja a evolução do valor de mercado das estatais
A Petrobras foi a primeira a sinalizar que tomaria atitudes duras para reverter a situação ruim de caixa já no primeiro trimestre do ano, ainda durante a administração de Aldemir Bendine. Mas foi somente em junho, já sob a gestão de Pedro Parente, que a estatal acelerou a venda de ativos não estratégicos, divulgou uma nova política de preços para combustíveis e anunciou um plano de negócios focado na desalavancagem.
“Durante este ano as ações subiram muito na expectativa que as atitudes tomadas trouxessem bons frutos. E elas começaram a dar esses frutos”, destaca Luiz Francisco Caetano, analista da Planner. O valor de mercado da companhia passou de R$ 123,3 bilhões, quando Parente assumiu a presidência em 1º de junho, para R$ 237,8 bilhões no início deste mês. Um aumento de 92,8%. Já as ações ordinárias da empresa saltaram cerca de 70% no período, de R$ 10,41 para R$ 17,56.
Até agora, a Petrobras somou cerca de US$ 11 bilhões em desinvestimentos, incluindo a venda da Liquigás para a Ultragaz, subsidiária da Ultrapar, por R$ 2,8 bilhões. A meta da estatal para a venda de ativos é de US$ 15,1 bilhões no biênio 2015-2016. Ou seja, a empresa ainda precisa garantir a comercialização de US$ 4,1 bilhões em ativos até o fim do ano.
O Programa de Incentivo ao Desligamento Voluntário (PIDV) da empresa conseguiu a adesão de 11.704 empregados. A previsão é que as demissões tenham um custo de R$ 4,4 bilhões, mas gerem uma economia de R$ 33 bilhões até 2020.
Banco do Brasil
Outra estatal que está correndo atrás de mais eficiência é o Banco do Brasil (BB), que anunciou uma reestruturação no fim de semana passado. O programa inclui o fechamento de agências e a criação de um plano de aposentadoria antecipada. Ao todo, 379 agências serão transformadas em postos de atendimento e outras 402 serão encerradas.
A abertura do Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada (PEAI) deve reduzir 9 mil vagas. Hoje 18 mil funcionários estariam aptos a aderir voluntariamente ao programa, que dá como incentivo 12 salários mais uma indenização por tempo de serviço. “Os planos de demissão e aposentadoria voluntária são a forma mais rápida de mostrar resultado. O custo-benefício vem logo”, afirma o analista Victor Martins, da Planner.
A reestruturação anunciada pela gestão de Paulo Rogério Caffarelli animou o mercado e as ações do BB valorizaram 9,2% somente no acumulado de segunda e terça-feira seguintes ao anúncio, feito no domingo (20). No mesmo período, os papéis dos seus principais concorrentes subiram bem menos. O Itaú registrou alta de 1,1% e o Bradesco de 1,3%. “Foi mais um resultado da efetivação do que o banco vinha prometendo”, avalia Martins. Até terça-feira da semana passada (22), as ações do BB registravam uma alta de 102% desde o início do ano.
CORRENDO ATRÁS DO PREJUÍZO
A Caixa Econômica Federal deve seguir o exemplo do Banco do Brasil e planeja medidas de aumento de eficiência para 2017. O banco público pretende fazer um novo programa de aposentadoria incentivada que pode atingir cerca de 11 mil funcionários. No entanto, a medida não pode ser tomada agora porque a Caixa precisa de R$ 1,2 bilhão para pagar incentivos e direitos. A instituição ainda estuda a possibilidade de fechar 100 agências que não dão lucro.
Eletrobrás planeja venda de ativos e corte de 30% dos funcionários
A Eletrobrás recebeu uma ajuda do governo para acelerar a venda dos ativos da empresa para a iniciativa privada com a sanção da Lei 13.360, resultado da conversão da Medida Provisória 735, no último dia 18. O texto facilita a privatização das distribuidoras da estatal, que precisa reduzir seu endividamento e aumentar a eficiência operacional.
A meta é arrecadar R$ 5,5 bilhões com a venda de ativos até o fim do ano que vem. A expectativa é que R$ 913 milhões venham da venda da distribuidora goiana de energia Celg-D. Outros R$ 4,6 bilhões, da venda de imóveis e participações em usinas e linhas de energia. “Falam da venda desses ativos desde 2005. Agora parece que vai acontecer. O mercado está dando o benefício da dúvida para a Eletrobras, que agora tem menos interferência governamental”, avalia Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos.
Ao mesmo tempo, a companhia tenta viabilizar planos voluntários de aposentadoria e demissão, para cortar cerca de 30% do quadro até 2018. Os dois programas têm potencial para atingir cerca de 5 mil funcionários e gerar uma economia de R$ 1,5 bilhão ao ano.
A Eletrobrás também prepara uma reestruturação organizacional, que pode gerar uma economia de R$ 67,8 milhões anuais. Uma das ações tem foco em reduzir em até 57% os cargos gerenciais, passando de 228 gestores para 98.
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