Há uma regra elementar que se aplica em períodos de secas severas: se a água escassear, a prioridade é o consumo humano. Isso significa que, antes de as torneiras de casa secarem, a água falta na agropecuária, nas indústrias e nos serviços. É o que ocorre hoje em várias partes do Brasil.
A estiagem que compromete importantes bacias hidrográficas pode prejudicar a já combalida economia nacional, simplesmente porque o País não está preparado para lidar com ela. "Diferentemente de outros países, o Brasil não tem mecanismos para aliviar perdas econômicas com a falta de água", diz Jerson Kelman, especialista no tema, que dirigiu as agências nacionais de Água e de Energia.
Prejuízos. A seca começou espalhando prejuízos no Nordeste. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês), entidade que monitora eventos climáticos extremos, a região sofreu perdas de R$ 20 bilhões entre 2010 e 2013. No setor de energia, a conta é maior. Só para manter as térmicas ligadas e compensar a falta de água nas hidrelétricas, de 1.º de janeiro de 2011 até 14 de outubro deste ano foram gastos R$ 49,4 bilhões. O cálculo é da consultoria PSR, com dados do Operador Nacional do Sistema.
Neste ano, a estiagem se espalha pelo Sudeste. Segundo levantamento da consultoria MB Agro, os produtores de cana-de-açúcar, carro chefe da agricultura paulista, amargam uma perda de 18% na receita.
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