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análise

Estímulo ao consumo deve ter efeito mais forte só em 2013

O esforço do governo para ampliar o consumo através da redução de juros bancários e de incentivos, como o corte de impostos, só deverá ter efeito significativo a partir do segundo trimestre de 2013. Segundo economistas, as taxas de endividamento e inadimplência devem entrar em trajetória declinante a partir dos próximos meses, mas não o suficiente para reconduzir os consumidores às compras de bens duráveis, especialmente carros, ainda neste ano.

Segundo o economista José Roberto Mendonça de Barros, da MB Associados, os consumidores que fizeram dívidas de longo prazo para compra de carros estão fora do mercado. Seja por estarem no limite do endividamento pessoal ou porque suspenderam o pagamento e entraram na lista de inadimplentes. "Quem está pagando o carro não vai trocar de carro tão cedo e quem deixou de pagar está impedido de fazer outra compra no momento", diz.

A inadimplência nesse segmento, segundo dados do Banco Central, passou de 5,7% em março para 5,9% em abril, maior taxa desde junho de 2000. O Indicador de Inadimplência do Consumidor da Serasa Experian subiu 6,2% de abril para maio, acumulando a terceira alta consecutiva.

A tendência é que nos próximos meses os consumidores de um modo geral renegociem suas dívidas e terminem de pagar seus compromissos, mas o movimento de retorno ao consumo será bem mais lento que o esperado pelo governo.

"Certamente que vai ter mais consumo, mas há um caroço a ser digerido no resto deste ano e no primeiro semestre do próximo ano até que seja reduzido o peso desse endividamento", diz Mendonça de Barros, reforçando que as vendas da indústria automobilística não crescerão mais de 2% em 2012 e devem acompanhar a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano. "E quando voltar o consumo, ele não será a taxas explosivas como em 2009", reitera o economista.

Para estimular imediatamente a demanda, o economista Amir Khair avalia que o governo teria de agir rapidamente para reduzir o custo do crédito ao consumidor. A pressão para diminuição dos spreads por meio de concorrência dos bancos públicos teria de ser acompanhada, segundo ele, de tabelamento imediato de taxas bancárias e cortes mais fortes da taxa Selic para o nível de 5% ao ano. Com isso, Khair diz que o governo abriria espaço, no orçamento das famílias, para novas compras e dívidas.

Governo terá de ampliar gastos, diz economista

O economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flávio Serrano, avalia que, com a capacidade de endividamento dos consumidores esgotada no momento, o governo terá de fazer concessões e ampliar o gasto público. "Nós pregamos austeridade, mas em situações, como essa, isso é válido", diz.

Serrano acrescenta que é incerto o sucesso dos estímulos do governo para que os brasileiros voltem a consumir tendo em vista a necessidade atual de sanear o orçamento familiar. "Acreditamos que a resposta a estes estímulos para o consumo não será tão veloz como foi depois da crise [em 2009]", diz Serrano.

Ciclo curto

Um fator que pode contribuir para a retomada do consumo é o ciclo curto de endividamento, com média inferior a dois anos. Para Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, a partir deste mês os compradores inadimplentes conseguirão renegociar suas dívidas a taxas mais baixas, o que também deve ajudar a dar uma folga na capacidade de consumo. Além disso, a média de endividamento de 22% da renda deve cair nos próximos três meses e ficar abaixo de 20%, prevê o economista.

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