Setor automobilístico foi o que mais reduziu estoques em janeiro, mas ainda tem carros nos pátios para 30 dias de vendas| Foto: Daniel Castellno/Gazeta do Povo

São Paulo - Há luz no fim do túnel, mas o túnel é comprido. Esta é a metáfora que retrata a avaliação dos representantes das instituições responsáveis pelas divulgações dos raros indicadores de estoques existentes no Brasil. A comercialização dos produtos industriais, segundo eles, deve se restringir em grande parte, neste primeiro trimestre, aos itens que já estão nos pátios, armazéns e prateleiras. Isso significa que a produção industrial deve seguir com pouco fôlego, ainda que não deva representar um ajuste tão drástico quanto o visto em dezembro. Na ocasião, a produção caiu 12,4% ante novembro e 14,5% na comparação com o mesmo mês de 2007.

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"Houve um ajuste expressivo na produção em novembro e dezembro, que associamos ao quadro elevado de estoques muito além das necessidades", comentou o gerente-executivo da unidade de política econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco. Mas ele alerta: as expectativas das empresas em janeiro eram pessimistas em relação à demanda que teriam nos próximos meses e também em relação às compras de matérias-primas. "É possível que ainda nestes primeiros meses de 2009 tenhamos um processo de ajustamento dos estoques, ainda que parte disso talvez já tenha sido realizada", considerou.

Os indicadores da Fundação Getulio Vargas (FGV), obtidos com base nas respostas de aproximadamente 1,1 mil empresas, revelam que o menor nível dos estoques com ajuste sazonal foi registrado em junho de 2008, o que significa indústria operando em alta velocidade porque o crescimento da atividade é grande. Na ocasião, 6,9% dos empresários julgavam que seus estoques eram insuficientes, enquanto 4,4% apontavam que eram excessivos. Essa diferença levou o índice a chegar a 97,5 pontos, o menor nível desde abril de 1995. No mês passado, destacou o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo, alguns segmentos já apresentavam índice na casa dos 130 pontos, o que significa 30% a mais de empresários que consideram estoque excessivo na comparação com os que avaliaram seus estoques insuficientes. Apesar de não descartar a possibilidade de continuidade da deterioração do índice geral, ele não acredita que o resultado nacional chegue a esse patamar. "O balanço é muito difícil, o índice pode até se estagnar neste valor... só não há sinal de que vai melhorar imediatamente", considerou.

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