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Estoque facilita situação do comprador

Vista do Centro, em Curitiba, com imóveis recém-construídos e outros, mais antigos: estoque de unidades à venda tem se mantido estável ao longo deste ano | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Vista do Centro, em Curitiba, com imóveis recém-construídos e outros, mais antigos: estoque de unidades à venda tem se mantido estável ao longo deste ano (Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo)

Basta olhar para cima. Uma observação mais atenta revela que muitos imóveis estão à venda, tanto no centro quanto em bairros e regiões periféricas de Curitiba. O momento, portanto, é bom para quem quer comprar para morar.

Há cerca de R$ 3 bilhões em apartamentos residenciais novos esperando comprador na cidade. De acordo com a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-PR), a capital tem 10.934 unidades novas em estoque em Curitiba. Elas se somam aos 16.725 imóveis usados em oferta, incluindo casas, sobrados e apartamentos, que são contabilizados pelo Secovi-PR, o sindicato das imobiliárias.

São quase 28 mil imóveis com placa de vende-se pendurada na janela. Se há excesso ou não, a análise dos dados ajuda a entender o cenário. De acordo com o levantamento de agosto da Ademi-PR, o estoque de apartamentos novos, hoje, equivale a 30,7% de tudo o que foi lançado desde janeiro de 2007 – esse índice tem se mantido estável ao longo de 2013.

Significa que pouco menos de um terço de todos os empreendimentos lançados desde janeiro de 2007 – quando a pesquisa começou a ser feita – não foram comercializados. O estoque contabiliza unidades prontas e em construção, em proporção aos lançamentos.

Especialistas e empresários do setor afirmam que 30% de estoque é um índice saudável. "Os números mostram que o mercado está absorvendo a oferta. Não há risco de desvalorização ou movimento de bolha", indica Gustavo Selig, presidente da Ademi-PR.

Mercado comprador

A série histórica da pesquisa mostra que o estoque foi maior: entre 2010 e 2011, chegou a quase 14 mil imóveis, que representavam 32,3% do total. O mercado imobiliário local considera que, enquanto fica abaixo de 36%, o indicativo não apresenta risco. "Tem ocorrido a diminuição do estoque. Isso mostra que o mercado está comprador, mesmo que de forma lenta", aponta Selig. O valor do estoque de apartamentos novos já chegou a R$ 3,9 bilhões em Curitiba.

O presidente da Ademi-PR diz que situações de queda de preço são pontuais e ocorrem em determinados empreendimentos. É onde entram os feirões e liquidações de imóveis. O consultor imobiliário Ricardo Reis observa que algumas incorporadoras – em especial as que abriram capital – lançaram unidades "demais", resultando em superoferta.

"É típico do mercado imobiliário, cíclico por natureza. A demanda reprimida por décadas já foi atendida, portanto a oferta pronta e em construção vai ter absorção mais lenta", diz. Por isso, a saída para essas empresas é fazer ofertas e flexibilizar a venda. "O pêndulo do mercado está para o lado do comprador", salienta. "Eles têm as melhores oportunidades".

Risco

Reis observa que, apesar da valorização dos imóveis nos últimos anos, muitas empresas tiveram prejuízos altos porque venderam na planta a preço fechado. "Depois, durante a obra, orçamentos e prazos estouraram", complementa. Na análise do consultor, quem hoje enfrenta mares turbulentos são "incorporadores amadores e de alto risco". "Empresas tradicionais e mais conservadoras enfrentam essa nova realidade com mais gordura e não precisam queimar suas margens".

Desistência se efetiva na hora do financiamento

As incorporadoras não revelam o índice de unidades do estoque que corresponde aos distratos – imóveis que são devolvidos à empresa por incapacidade de pagamento pelo comprador. Analistas dizem que o volume atual de retornos decorre do boom imobiliário de 2008 a 2011, quando muitos empreendimentos foram lançados e vendidos rapidamente na planta. Na onda da comercialização, contratos foram fechados sem avaliação minuciosa de crédito. Houve também a aquisição especulativa e a entrada do que o mercado chama de "aventureiros" – pessoas sem experiência em investimento imobiliário.

"Vendas em lançamentos muitas vezes são forçadas, sem grande análise do real capacidade do comprador em assumir o financiamento", observa o consultor Ricardo Reis. As parcelas a pagar durante a obra costumam ser mais tranqüilas. "Com o empreendimento pronto entra em cena o financiamento imobiliário, com comprometimento maior da renda e prazos de 10, 20 anos, ou mais. Nessa hora muita gente repensa a necessidade e a possibilidade real de compra", explica.

Caio Napoli, diretor da incorporadora Hafil Inc, tem a mesma visão. "A entrega da chave é o momento crucial para o comprador", diz. Os retornos estão ocorrendo, na opinião do executivo, porque houve excessos na análise de crédito. "Houve um período em que a premissa de muitas incorporadoras era liberar para vender", avalia. "O resultado foi um índice muito alto de retornos em alguns empreendimentos, especialmente na faixa de preço de até R$ 500 mil".

Napoli observa que muitos dos descontos e promoções estão sendo feitos por empresas nacionais que aportaram em Curitiba a partir de 2008, "apostaram alto" e agora, ao se retirar do mercado local, precisam "zerar" o estoque.

Colaborou Taiana Bubniak

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