Instalações esportivas, aeroportos, avenidas, metrôs e outros "equipamentos" urbanos serão reformados ou construídos para a Copa e os Jogos Olímpicos. O custo é calculado entre R$ 80 bilhões e R$ 150 bilhões, conforme diferentes projeções de governos, associações empresariais, consultorias e seguradoras.
A paranaense J. Malucelli Seguradora, líder do mercado brasileiro de seguro garantia (que garante que um contrato será cumprido), já fez suas contas. "Se as obras para os Jogos custarem R$ 40 bilhões e durarem três anos, em média, as seguradoras vão faturar uns R$ 540 milhões. Ou seja, sozinha, a Olimpíada movimentará o equivalente a 70% de todo o faturamento do mercado em 2009", calcula Alexandre Malucelli, vice-presidente da empresa.
Por sinal, caprichar na estimativa é um dos desafios do setor público, caso queira evitar os mesmos erros dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Modesto perto dos eventos da próxima década, o Pan é um dos mais conhecidos casos de estouro orçamentário do país de início sairia por R$ 400 milhões e, no fim, consumiu R$ 3,7 bilhões.
"De certa forma, a experiência do Pan foi riquíssima. A cobrança da sociedade por transparência cresceu", diz o economista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas. "Para justificar ao Tribunal de Contas as dispensas de licitação, o governo argumentou que o evento tinha características quase inéditas no país e, portanto, difíceis de programar. Pois bem, esse é um motivo que não se pode mais alegar. Faltam cinco anos para a Copa e sete para a Olimpíada, e não podemos mais admitir que algo seja feito sem licitação, na última hora."
Encadeamento
Extrapolar os custos novamente será péssimo, em especial para o contribuinte. Mas uma economia forçada nos investimentos também pode ser prejudicial. Explica-se. Se crescerem as dificuldades de financiamento, como as que Curitiba enfrenta para o seu metrô, a prioridade irá para a conclusão das instalações esportivas. Desta forma, a sonhada melhora na infraestrutura de transportes será novamente adiada, limitando o impacto econômico dos eventos esportivos.
"Uma obra de infraestrutura significa encadeamento para trás e para frente. Para trás, ela estimula a imensa cadeia da construção civil. E, para a frente, continuará estimulando a economia de modo duradouro, pois uma avenida ou um aeroporto serão usados por muitos anos", diz o economista Rodolfo Prates, professor da Universidade Positivo e do IBPEX. "As instalações esportivas, por sua vez, também geram encadeamento para trás, mas quase nenhum para frente. Só com elas, o benefício econômico de uma Copa ou Olimpíada é muito pequeno."