BDRs
Recibos são investimentos no exterior
Os papéis de empresas estrangeiras (Apple, Arcelor Mittal, Avon, Bank of America, Exxon Mobil, Goldman Sachs, Google, McDonald′s, Pfizer e Wal Mart) negociados na BM&FBovespa não são exatamente ações. São Recibos de Depósito de Ações (BDRs, numa sigla em inglês). E há dois tipos de BDRs. Os espanhóis da Telefónica e do banco Santander têm um tipo de BDRs, que são de emissão própria. Os dez recibos que começaram a ser negociados na semana passada são BDRs não patrocinados ou seja, foram emitidos por um banco de investimentos, tendo como garantia ações depositadas na própria instituição (nesse caso, o Deutsche Bank). Assim, esse tipo de operação é considerado investimento no exterior mesmo que seja realizado no Brasil, por meio de corretoras e intermediários brasileiros.
Os clientes de corretoras ficaram animados, na semana passada, com a possibilidade de investir em blue chips internacionais como Apple, Pfizer, Wal Mart e Arcelor Mittal. Foi em vão: os negócios com recibos de ações dessas e de outras seis companhias estrangeiras começaram na terça-feira passada, mas estavam (e ainda estão) limitadas a investidores qualificados, como empresas estrangeiras, bancos de investimentos e fundos. A expectativa é de que eles venham a ser liberados também para pessoas físicas, talvez no ano que vem. A estreia desses papéis, entretanto, foi bastante educativa em relação aos componentes que envolvem a aplicação em ativos estrangeiros.
"Foi uma semana bem complicada para esse tipo de papel", disse Mário de Almeida, chefe do escritório da corretora Gradual Investimentos em Curitiba. A razão disso está no câmbio: a cotação do dólar passeou pelos menores dos últimos dois anos, o Banco Central fez diversas intervenções no mercado, comprando moeda para elevar os preços. Numa tentativa de impor uma barreira à entrada de dólares no país, o Ministério da Fazenda dobrou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de estrangeiros no mercado de renda fixa.
Essas turbulências mexem com o preço desses papéis porque eles, embora negociados em reais na bolsa brasileira, refletem o valor das ações em seus países de origem, denominados em dólar. "Esses papéis têm uma correlação direta com o câmbio", observa Almeida. "É a isso que o investidor tem de estar atento, mais até do que à cotação do papel." Na opinião dele, o investidor interessado pode deve! acompanhar o andamento desse mercado para aprender sua mecânica e, se quiser, aplicar nele quando as regras mudarem.
O dólar está em queda no mercado mundial. Países como o Brasil e a Austrália, grandes exportadores de mercadorias não industrializadas (commodities, no jargão econômico) têm sentido com mais intensidade esse movimento. A capitalização da Petrobras colaborou para ampliar ainda mais a entrada de dólares no país e, com a oferta em alta, o preço da moeda americana caiu. Só no mês passado, o Banco Central registrou um superávit de US$ 16,7 bilhões na conta financeira do país (recursos que entram para aplicações financeiras menos recursos sacados por estrangeiros), o maior valor desde outubro do ano passado. A situação é ruim para empresas exportadoras, que têm custos altos (denominados em real) e recebem valores depreciados pelo câmbio (denominados em dólar).
O economista Hugo Meza Pinto, professor das Faculdades Santa Cruz, acredita que essa situação é passageira, devendo durar até o início do ano que vem, no máximo. Caso o mercado não resolva sozinho o impasse, o novo governo terá de achar uma solução, por meio de mudanças de política econômica. Para quem está interessado em investir nessas ações, no futuro, Meza sugere pesar a qualidade e o potencial de alta das ações com o estado do câmbio, levando em conta a possibilidade de ter um mix de investimentos mais diversificado. "Para a economia brasileira, acho muito interessante. É uma mostra de como o nosso processo de industrialização está avançado", comenta.
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